Uma polêmica envolvendo uma atitude sem noção, um mal entendido e uma fala editada fez com que o deputado estadual João Henrique Catan (PL/MS) fosse atacado nas redes sociais. Tudo começou quando o parlamentar resolveu levar um exemplar do livro de Hitler (ditador nazista), Mein Kampf (Minha Luta), ao plenário da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul nesta terça-feira (7).
De todo seu discurso do deputado, que ainda por cima é bolsonarista, o que foi divulgado em massa foi apenas quando ele levanta o livro de Hitler e diz: “É com a apresentação do Mein Kampf, de Hitler, que peço para que este Parlamento se fortaleça, se reconstrua e se reorganize nos rumos do que foi o Parlamento Europeu da Alemanha, e que serviu, após sua reconstrução, de inspiração, inclusive para nós estarmos hoje aqui, através do nosso direito constitucional brasileiro, que se inspira no modelo romano germânico”. Veja abaixo.
Acontece que Catan exibiu a publicação durante e falava sobre a dificuldade que teria, como oposição, em conseguir informações do Executivo. O deputado criticou, na verdade, o fato de a Assembleia ser de maioria governista, ou seja, estar como base do governador do estado, Eduardo Riedel (PSDB), e fez um paralelo sobre a dificuldade de acesso a dados do governo estadual, algo parecido com que Hitler fez com o Parlamento alemão durante uso do seu poder.
Está claro que tanto a atitude, quanto a comparação, foram exageradas e descabidas, mesmo que o deputado estivesse correto em sua crítica ao Executivo do MS. Isso por quê o regime totalitário de Hitler dizimou milhões de judeus, negros e quaisquer pessoas que não estivessem dentro de padrões especificados pelo ditador durante ao anos de terror na Europa.
Ainda sobre o livro de Hitler, Catan disse: “Fiquei com medo de entrar com esse livro no Brasil porque à época, um juiz, talvez mais ditador do que Adolf Hitler, suspendeu a entrada e as vendas do Mein Kampf, Minha Luta, Minha História, Minha Vida, de Adolf Hitler, onde aqui retrata as suas estratégias para aniquilar, fuzilar o Parlamento e os direitos de representação popular”.
Por fim, o deputado reforçou em suas redes sociais que sua fala foi distorcida e, que, na verdade, a citação foi em crítica às estratégias nazistas. Vale lembrar, inclusive, que a apologia ao nazismo é crime em vários países, inclusive no Brasil, e está prevista em lei com pena de reclusão, segundo a qual é crime uso dos símbolos nazistas ou a propaganda desse regime.
A Folha de S.Paulo resgatou, ainda, um outro episódio polêmico envolvendo João Henrique Catan. No último ano o deputado disparou várias vezes com uma arma de fogo durante a votação de um projeto de lei de sua autoria. O assunto do projeto: reconhecer o risco da atividade de atirador desportivo no estado de Mato Grosso do Sul. Ele deu os tiros por que estava participando da sessão de forma remota enquanto frequentava um estande de tiro. Na ocasião ele ele aproveitou para dizer que a ação também era uma “advertência ao comunismo”.