Criminosos sequestraram um médico para socorrer um traficante que havia sido baleado, na madrugada do último domingo (15), no Complexo da Maré, zona norte do Rio.
Segundo a Polícia Civil, pouco antes de 1h da manhã, policiais militares trocaram tiros com um grupo de criminosos, que haviam furado uma blitz na avenida Brasil, na zona norte. Um policial e um criminoso ficaram feridos.
Alguns minutos depois, o grupo de criminosos levou o comparsa ferido à UPA (Unidade de Pronto Atendimento) da Vila do João, uma das favelas do Complexo Maré. Foram informados de que o ferimento, em um dos braços, era grave, e de que o traficante teria que passar por uma cirurgia.
Os criminosos se recusaram a mandar o traficante baleado para um hospital e sequestraram um médico da UPA, cujo nome está sendo mantido em sigilo por questões de segurança, para que ele o socorresse.
O médico foi levado pelos traficantes numa ambulância até um lugar onde poderia atender o ferido. O local, suspeita a polícia, seria uma clínica clandestina na Baixada Fluminense.
Ele foi libertado algumas horas depois e a ambulância foi devolvida pelos traficantes à UPA por volta das 11h da manhã de domingo.
A Polícia Civil já identificou o médico e o aguarda para prestar depoimento. A ambulância foi levada para a delegacia de Bonsucesso, na zona norte, e passou por perícia.
A PM não forneceu informações sobre o estado de saúde do policial baleado na troca de tiros com os criminosos.
O Rio enfrenta uma grave crise financeira, com cortes de serviços e atrasos de salários de servidores, e está perto de um colapso na segurança pública.
Um outro efeito dessa crise tem sido o aumento dos índices de criminalidade e a redução do número de policiais em favelas ocupadas por facções criminosas. As UPPs, base policiais em comunidades controladas pelo tráfico perderam parte de seu efetivo.
Nos últimos meses, têm sido rotina mortos e feridos por bala perdida, além de motoristas obrigados a descer de seus carros para se proteger dos tiros.
Outro braço dessa crise é a morte de policiais. Só neste ano já foram mais de cem PMs assassinados no Estado. A situação de insegurança também levou o presidente Michel Temer (PMDB) autorizar o uso das Forças Armadas para fazer a segurança pública do Rio até o final de 2018.
MORADORES
Pesquisa Datafolha mostra que, se pudessem, 72% dos moradores dizem que iriam embora do Rio por causa da violência.
O desejo de deixar a cidade é majoritária em todas as regiões e faixas socioeconômicas -foram ouvidas 812 pessoas, e a margem de erro do levantamento é de quatro pontos percentuais, para mais ou para menos. Nas últimas semanas, segundo o Datafolha, um terço dos moradores mudou sua rotina e presenciou algum disparo de arma de fogo. O levantamento revela que 67% das pessoas ouviram algum tiro recentemente.
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