Representantes do Ministério da Educação aproveitaram a divulgação dos dados do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) por escola nesta terça-feira (4) para rebater críticas sobre a proposta de reforma do ensino médio, anunciada pelo governo no último mês e hoje em análise no Congresso.
Os dados mostram que escolas com mais alunos de maior nível socioeconômico -indicador que considera escolaridade dos pais, posse de bens e contratação de serviços- apresentam médias maiores no Enem do que aquelas com mais alunos de nível mais baixo.
“Do grupo alto para o médio há uma diferença de 100 pontos, que é muito grande e quase absurda”, afirmou a secretária-executiva da pasta, Maria Helena Guimarães.
“Ter mais de 100 pontos de diferença revela a enorme desigualdade no ensino médio. Muitos alegam que a reforma vai aumentar a desigualdade, mas ao contrário, ela vai promover maior equidade ao sistema. Os alunos dos estratos inferiores de renda nem se inscrevem para fazer o Enem. Que igualdade é essa?”, afirmou, em uma tentativa de rebater as críticas sobre a proposta de flexibilizar o modelo atual do ensino médio.
Mesma posição foi apresentada pela presidente do Inep, Maria Inês Fini. “O resultado vem acrescentar mais uma vez a imperiosa necessidade de reforma do ensino médio. Temos contingente enorme de alunos que estão aprendendo muito pouco, e de maneira muito conservadora e tradicionalista e por um currículo que precisa ser reformulado”, disse.
Reforma do ensino médio Plano do ensino médio abre mão de artes e educação física e repete meta Análise: Reforma não resolve problemas que desembocam no ensino Leia perguntas e respostas sobre as mudanças Saiba quais são os possíveis entraves para o projeto do novo ensino médio Temer diz que não cortará verbas para educação mesmo com teto de gastos Ao mesmo tempo em que fizeram uma defesa da proposta, representantes também apontaram a hipótese de que o início do novo modelo demore mais tempo do que o previsto.
Até então, o governo falava em ter as primeiras turmas do novo ensino médio já no início de 2018, com possíveis testes já no ano que vem por redes interessadas.
Segundo Guimarães, o prazo depende do andamento do debate sobre a base nacional curricular comum, documento que irá definir quais conteúdos que permanecem como obrigatórios para serem ensinados pela rede de ensino -o restante deve ser flexibilizado e escolhido pelo aluno.
“Não dá para pensar em implantar essa reforma antes da implantação da base nacional curricular comum. Isso demora. Acreditamos que só em 2018 e 2019 será possível a implantação dessa proposta de reforma”, afirmou.Questionadas, representantes da pasta evitaram comentar, no entanto, as mudanças para as novas edições do Enem diante da nova proposta de mudanças no ensino médio.
“Vamos aguardar a reforma do ensino médio. Seguramente o Enem virá para assegurar essa reforma”, disse Maria Inês Fini, do Inep.
(Folhapress)