A versão digital do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) vai possibilitar novos tipos de questão na prova, utilizando vídeos, infográficos e até mesmo poderá seguir a lógica dos games.
O anúncio da prova por computador foi feito hoje (03/06) pelo Ministério da Educação (MEC), em Brasília. O exame terá uma versão piloto optativa em 2020, para 50 mil candidatos.
A partir de 2026, todos os estudantes farão a prova exclusivamente por meios digitais. Segundo o ministro da Educação, Abraham Weintraub, a digitalização vai ao encontro do que está sendo feito no restante do mundo, além de possibilitar economia com a impressão de provas.
A digitalização do Enem não é ideia nova, mas esta é a primeira vez que o exame feito por computador valerá pontos e poderá ser usado para acesso ao ensino superior.
Outra vantagem, de acordo com o MEC, é a rapidez na correção.
“Objetivamente, a pessoa pode receber a prova dela no celular já corrigida e verificar se concorda ou se teve algum erro de registro. Vai ter o comprovante em arquivo, tudo certinho”, disse hoje Weintraub. A redação também será feita pelo computador, digitada.
Acesso a computadores
Um desafio será o acesso a computadores e outros meios digitais em um país onde muitas escolas não possuem os equipamentos. De acordo com o Censo Escolar 2018, 38% das escolas públicas têm laboratório de informática e 67%, acesso à internet.
O ministro acredita que até 2026, quando a versão em papel deixará de ser aplicada e a versão digital será a única disponível, a realidade brasileira terá mudado.
Para a aplicação e realização do exame, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) irá contratar um consórcio aplicador e caberá a essa organização providenciar os equipamentos para que os estudantes possam realizar as provas.
Poderão ser usadas as instalações de universidades e de outros locais. O MEC não irá comprar computadores, vai usar a capacidade instalada, de acordo com o presidente do Inep, Alexandre Lopes.
“Isso já acontece hoje. O Enem é aplicado por parcerias que assinamos. A rede municipal e estadual não é suficiente para aplicação em papel. Usamos as universidades e já alugamos espaços. O consórcio será responsável pelas salas com estrutura de aplicação digital”, explicou Lopes.
Novo ensino médio
O formato digital também possibilitará, segundo o Ministério da Educação, a adequação, sem custos adicionais, ao novo ensino médio.
Pelo novo modelo, que ainda está em fase de implementação, os estudantes terão uma formação comum, definida pela Base Nacional Comum Curricular, e poderão, no restante da formação, escolher uma especialização por itinerários formativos. Os itinerários são: linguagens, matemática, ciências da natureza, ciências humanas e ensino técnico.
A intenção é que, quando o modelo estiver em prática, o que deverá ocorrer em 2021, o Enem também se adeque, passando a oferecer várias opções de prova para cada itinerário escolhido pelo estudante, além de avaliar a parte comum. A prova digital vai evitar que várias versões diferentes tenham que ser impressas.