O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou nesta terça-feira, 12, que o incomoda o fato de a Petrobras ainda ser metade estatal, porque decisões governamentais podem levar a empresa a “quebrar” novamente.
Sem referência nominal a Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Ciro Gomes (PDT), o ministro afirmou que dois candidatos à Presidência da República já indicaram que vão voltar a praticar preços “abrasileirados”, abaixo do valor internacional, em momentos de crise do petróleo.”
“Vão quebrar de novo a Petrobras. Por outro lado, corrigir preço todo dia é uma alucinação também. Os reajustes frenéticos da Petrobras são imprudentes, é preciso suavizar curvas”, disse, referindo-se à política de paridade de preços atual. “Eu prefiro solução da privatização e distribuição dos recursos aos mais frágeis brasileiros, com um fundo de erradicação da pobreza.”
Guedes presta nesta terça-feira esclarecimentos sobre a política nacional de preços e abastecimento de combustíveis na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado.
O ministro da Economia também afirmou que a atual política de preços de combustíveis da Petrobras é uma postura extrema, em contraposição a um extremismo de outra ponta de “sentar em cima do preço”, que, segundo ele, quebrou a empresa. A Petrobras segue a política do PPI, de paridade ao preço internacional, seguindo a cotação do petróleo e a variação cambial.
“Para recompor a situação financeira e atender acionistas, a Petrobras passou a reajustes semanais. Extremo de sentar em cima do preço quebrou Petrobras, mas reajuste semanal é outro extremo O governo deixou acontecer outro extremo de reajustar preço a cada 15 dias ou 7 dias, o que foi muito satisfatório para acelerar a recuperação financeira da empresa, garantindo a rentabilidade extraordinária para investidores privadas”, cutucou.
O ministro ainda considerou que a criação de um fundo de estabilização para os preços de combustíveis teria se provado inútil e que experiência parecidas no exterior não deram certo e quebraram. Segundo Guedes, a venda de refinarias da Petrobras foi uma orientação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), para reduzir o poder de mercado.
Castello Branco
Guedes afirmou que, apesar ter indicado o primeiro presidente da Petrobras no governo Jair Bolsonaro, Roberto Castello Branco, não tinha contato operacional com ele. Na audiência pública na CAE do Senado para tratar da política de preços de combustíveis, Guedes tentou mostrar certo afastamento das decisões sobre a política de paridade internacional (PPI) dos preços de combustíveis, adotada pela empresa.
Guedes ainda justificou a venda das subsidiárias da Petrobras ligadas à distribuição, como a antiga BR Distribuidora, porque a empresa precisa focar no seu negócio central, que é a extração de petróleo. “Não queremos que a Petrobras venda combustível no Aterro do Flamengo. Queremos que Petrobras retire petróleo rapidamente antes da chegada do carro elétrico.”
O ministro ainda disse que o Brasil nunca vai participar da Opep, “um cartel para explorar as economias ocidentais”, segundo ele.
Crítica a governadores
Paulo Guedes criticou novamente os governadores por não implementarem completamente uma medida aprovada no Congresso em março que previa a adoção de uma alíquota única do ICMS sobre combustíveis, além de outras medidas para amenizar a alta de preços.
“Eu concordo com o senador Espiridião Amin que os Estados, ao não cumprirem o acordo que fizeram conosco, foram sócios da crise. Quanto pior a crise, mais dinheiro, mais arrecadação e mais aumento de salário em ano eleitoral”, disse. (Por Thaís Barcellos e Eduardo Rodrigues/Estadão Conteúdo)