A secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde do Ministério da Saúde e médica, Mayra Pinheiro, informou à CPI da Covid ter relatado diariamente, ao então ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, a situação de “caos” em Manaus durante o período em que esteve lá.
No início do ano, a capital amazonense registrou a saturação dos serviços de saúde e esgotamento de insumos, como oxigênio envasado, o que levou à morte de diversos pacientes internados. De acordo com Mayra, todas as informações referentes à situação da cidade foram repassadas pelo grupo de técnicos que esteve em Manaus ao comando central da pasta na ocasião em que o governo federal, em reunião que contou com a participação de Pazuello e do presidente Jair Bolsonaro, decidiu pela não intervenção no município.
“A gente inclusive teve a organização de um comitê intersetorial em Manaus que funcionava duas vezes por dia com reuniões às 9h da manhã e ao final do dia para juntar todas as ações e organizar o que já deveríamos demandar”, disse nesta terça-feira (25) à CPI. Segundo relatou, mesmo após o retorno dos técnicos à Brasília, a produção dos relatórios seguiu produção diária.
Mais cedo, o líder do MDB no Senado, Eduardo Braga (MDB-AM), reclamou da atuação da pasta e disse que nem Mayra, nem o ex-ministro Pazuello iriam convencê-lo de que a pasta não sabia do problema que resultaria na severa crise de abastecimento de oxigênio em Manaus.
Cloroquina
A secretária afirmou também que a confecção do protocolo pelo Ministério da Saúde para uso da hidroxicloroquina coincidiu com a nomeação de Pazuello para chefiar a pasta e a publicação de estudos sobre o uso do medicamento. “A nota foi responsabilidade do Ministério da Saúde para não prevaricar diante de fatos graves que aconteceram na comunidade científica internacional, sobretudo este estudo da revista Lancet que depois foi retirado pelos revisores e considerado uma fraude”, afirmou a secretária.
Por Matheus de Souza, Amanda Pupo e Pedro Caramuru, Estadão Conteúdo