Candidata ao Senado Federal pelo Partido dos Trabalhadores (PT), Marina Santana, afirma que não há motivo para a impugnação da candidatura de Antônio Gomide, ex-prefeito de Anápolis e candidato ao governo de Goiás. “É muito difícil, durante ou após a gestão, um prefeito não sofrer algum processo ou questionamentos do Tribunal de Contas e Câmara Municipal”. De acordo com a candidata, isso deveria ser algo visto como normal no Brasil.
Além disso, Marina Santana destaca, em entrevista à Rádio 730, que há um viés político relacionado à inclusão de Gomide na lista de impugnados. “De acordo com a Constituição, os Tribunais são apenas órgãos auxiliares do poder legislativo”, e continua “A eles cabem expressar uma opinião que se espera ser de ordem técnica”.
Confira abaixo a entrevista de Marina Santana na íntegra.
Eduardo Sartorato: Antônio Gomide teve um problema com o TCM, que pode levá-lo a impugnação. Isso pode prejudicar sua campanha?
Marina Santana: Não. Primeiramente, os Tribunais de Conta, de acordo com a Constituição, são apenas órgãos auxiliares do poder legislativo. Eles expressam sua opinião e que se espera ser apenas de ordem técnica. A avaliação final cabe à Câmara Municipal e ao poder judiciário. No caso da candidatura, há processo sendo acompanhado pelos advogados de Gomide, que têm muita experiência. A informação que nos dão é de que isso não é um problema, que será discutido no âmbito do Tribunal Regional Eleitoral (TRE). Para nós não há motivo para impugnação. Na legislação atual, é muito difícil um prefeito não sofrer algum processo ou questionamentos do Tribunal de Contas e Câmara Municipal.
Eduardo Sartorato: Em entrevista recente, Gomide diz que isso tem um viés político. Você concorda?
Marina Santana: Pelas informações que tenho, é o mais provável. Todos os outros candidatos, quando passam pelo poder Executivo, acabam levando processos e investigações sobre a gestão. Acho que no Brasil, deveríamos passar a ver isso como uma coisa normal.
Eduardo Horácio: Qual é a sua avaliação sobre o atual mandato do governador Marconi Perillo?
Marina Santana: Temos projetos nacionais diferentes identificados hoje especialmente pelas candidaturas à Presidência da República. Temos visões diferentes de atuação no Estado. Por isso lançamos Antônio Gomide, candidato ao governo de Goiás. Temos clareza de que Marconi tem uma visão de desenvolvimento sem preocupação ambiental e com concentração de renda. Em Goiás, existem cidades incluídas entre as 100 mais violentas do Brasil. É preciso fazer uma inversão de prioridade nos investimentos. Eu entendo como um mandato ruim.
Vassil Oliveira: O Senado Federal geralmente é atrelado a governadores. Como será sua atuação como senadora?
Marina Santana: Existem três senadores atuais de oposição ao governo Dilma. Em função disso, temos menos possibilidades no momento de beneficiar Goiás por causa da articulação e movimento do Senado com essas representações. O governo do Estado, independente de quem seja, tem que contar com os senadores e deputados. Meu desejo de ser senadora é exatamente nesse ponto, com visão de desenvolvimento do governo Dilma, do nosso projeto nacional, e quero contribuir para beneficiar Goiás, uma vez que o estado precisa de uma representação no Senado. Isso nós nunca tivemos.
Cleber Ferreira: Na articulação de sua pré-campanha havia uma perspectiva de que o vereador aparecidense Helvecino Moura seria o primeiro suplente. Na última hora ele foi trocado pelo Edson Bueno, de Montividiu. Politicamente foi uma boa troca?
Marina Santana: Não participei da discussão da executiva sobre o assunto, mas o Edson Bueno foi prefeito duas vezes em Montividiu e saiu com praticamente 90% de aprovação. Só não foi reeleito porque a legislação não permite. Edson é municipalista e é da região de Rio Verde e Jataí, com eleitorado significativo. Ele tem duas tarefas: articulação, que já está fazendo na própria região, e dialogar com os municípios do porte de Montividiu. O outro suplente é um professor vereador muito experiente de Valparaíso. Portanto, também trazendo as expectativas e necessidades da região do Entorno do Distrito Federal.
Cleber Ferreira: O PT tem hoje quatro deputados estaduais e apenas um deputado federal. Qual é o planejamento do PT para a Assembleia Legislativa e como fará para aumentar essas bancadas?
Marina Santana: Nós não temos muito que fazer, exceto militância na rua. Temos a clareza de que ainda hoje, por isso defendemos a reforma política, o fator financiamento de campanha é muito importante para o processo eleitoral. Em nosso caso, fazemos um movimento de chamar a atenção das pessoas, nas redes sociais. Com isso, temos aumentamos nossas bancadas. Esperamos fazer pelo menos mais 50% de deputados estaduais, até mais, e pelo menos três deputados federais.
Rubens Salomão: Qual é o prejuízo para o PT ter uma chapa pura na campanha?
Marina Santana: Estamos sozinhos em quatro estados no país. Nossa campanha caminha mostrando a cara do PT e o nosso trabalho. Não temos receio de nada. Acho interessante termos a capacidade de mostrar para a sociedade, antes mesmo de uma reforma política, como um partido pode se apresentar e o plano de governo.
Eduardo Horácio: A Dilma tem uma alta rejeição em Goiás e Paulo Garcia também tem avaliação ruim. Isso não a preocupa?
Marina Santana: A campanha ainda não começou totalmente. Aliás, a minha começou nesta sexta-feira (18). Ainda não tinha feito nenhum movimento. Estivemos no bairro Trindade II e as pessoas falavam “Marina, eu acompanho seu trabalho. O Lula mudou o Brasil. Dilma mudou o Brasil”. Porque é uma população diretamente atingida por políticas sociais. No entanto, temos desafios enormes, na área da segurança pública, por exemplo.
Eduardo Sartorato: O PT lançou candidatura própria, mas poderia fazer coligações mais amplas em Goiás, com o PMDB, por exemplo. Não faltou um pouco de desprendimento do partido para melhorar e fazer palanques mais fortes para a presidente Dilma?
Marina Santana: Em Goiás vamos ter, se todos concordarem, o palanque da Dilma. Isso é muito importante porque o quadro partidário aqui ficou confuso. Estamos com uma nova composição, mesmo que transitória, de pessoas que vão e voltam de partidos e grupos políticos. Para nós é importante compartilhar com os demais apoiadores da Dilma para que ela seja vitoriosa aqui.