Em 2013, Marina não conseguiu número suficiente de apoios para criar o partido, por isso se filiou ao PSB, para ser candidata a vice de Eduardo Campos.
Wilson Tosta – A ex-presidenciável do PSB Marina Silva afirmou nesta segunda-feira, 26, que o País vive graves crises econômica e ambiental que teriam sido encobertas na campanha eleitoral. Esquivou-se, porém, de criticar explicitamente o governo Dilma Rousseff pelos problemas. Em evento para receber assinaturas de apoio ao partido Rede Sustentabilidade, quando instada a se posicionar sobre as medidas do governo para ajustar a economia, Marina não respondeu diretamente. Apenas disse que suas opiniões “já estão nas redes sociais”.
Antes, em discurso, a ex-presidenciável dissera que a Rede se decidira por uma postura de “independência”. Fora, porém, enfática em algumas críticas, embora sem mencionar nenhum nome.
“Não se pode fazer um discurso para ganhar e um discurso para governar”, discursou. “É preciso ter coerência e fazer aquilo que é necessário. Fizemos uma reunião da direção nacional da Rede em que colocamos claramente que teremos uma posição de independência. E por que independência? Eu sempre dizia: precisamos quebrar a lógica da oposição pela oposição, que só vê defeitos onde existem qualidades que são evidentes; e acabar com a lógica da situação pela situação, que só vê virtudes, mesmo quando os erros são evidentes.”
Marina repudiou as críticas de que um de seus erros na campanha foi ter apresentado um programa de governo, que virou alvo de ataques. Afirmou que, para governar um país do tamanho e importância do Brasil, um candidato deve mostrar que pretende.
“É bom ganhar a eleição, mas é bom ganhar (com) as pessoas sabendo o que se vai fazer”, disse. “Para que você tenha o respaldo no que vai fazer e para que o cidadão possa decidir se quer ou não eleger, sabendo o que você vai fazer. Isso é a democracia, exige transparência, exige responsabilidade.” Ela ressaltou ainda não se arrepender de sua postura em 2014.
A ex-presidenciável afirmou que os problemas com a água e a energia deveriam ter sido enfrentados antes. As medidas que propôs foram racionamento e diversificação da matriz energética. A crise, porém, não podia ser abordada (presumivelmente pela presidente Dilma, que Marina não mencionou) no ano passado, porque era período eleitoral.
“Vivemos uma grave crise. Uma crise econômica gravíssima, que precisa ser enfrentada com transparência, que não é o mundo cor de rosa do marketing eleitoral. A população tinha o direito de saber que problemas graves estavam acontecendo em relação à nossa economia”, discursou.
Assinaturas
O evento de recebimento de assinaturas de apoio à legalização da Rede Sustentabilidade, em um auditório da Caixa de Assistência dos Advogados do Rio de Janeiro (CAARJ), reuniu cerca de 80 pessoas. Segundo Marina, na segunda tentativa de legalizar a agremiação, a ideia do partido é ter 100 mil apoios, com a perspectiva de validar de 40 mil a 42 mil deles. Com as assinaturas entregues ontem, o Rio chegou a 10.500.
A entrega dos documentos foi feita a Marina diretamente por militantes que posavam com a ex-candidata para fazer fotos com celular. Ela também posou com dois aliados, o deputado federal Miro Teixeira (PROS-RJ) e o vereador Jefferson Moura (PSOL), com a pilha de papéis.
Em 2013, Marina não conseguiu número suficiente de apoios para criar o partido, por isso se filiou ao PSB, para ser candidata a vice de Eduardo Campos. Ela se emocionou ao falar da forma inesperada como entrou na campanha como presidenciável, quando Campos morreu na queda do avião em que viajava.
(Estadão Conteúdo)