Como há algum tempo vem sendo pregado pelo governador Marconi Perillo e seguindo uma tendência mundial que busca revitalizar os centros históricos das grandes metrópoles, Goiânia ganhará em breve um novo e importante atrativo turístico: o Circuito Cultural Praça Cívica Dr. Pedro Ludovico Teixeira. A iniciativa do Governo de Goiás e da Secretaria de Educação, Cultura e Esporte (Seduce) garantirá novo uso para os setes edifícios construídos no entorno da Praça Cívica, marco inicial da construção da nova Capital do Estado na década de 1930.
O projeto se destaca tanto por sua importância em resgatar a memória da cidade como também por propiciar a criação de um novo produto cultural e turístico, deixando Goiânia de ser breve parada para turistas que buscam destinos já tradicionais como Caldas Novas, Pirenópolis e Cidade de Goiás.
O governador Marconi Perillo já vem há algum tempo falando da necessidade de dar uma destinação cultural à Praça Cívica Dr. Pedro Ludovico Teixeira. O próprio Palácio das Esmeraldas é palco constante de manifestações e ações culturais, como lançamento de livros, visita de alunos do ensino fundamental, entrega de comendas do mérito cultural e também lançamento de festivais gastronômicos de várias cidades goianas.
O projeto, considerado uma das principais ações do governo estadual na área de cultura, inclui a requalificação, revitalização, restauração e musealização do conjunto de sete edifícios que circundam a Praça Cívica. São prédios construídos em estilo art déco já tombados como patrimônio arquitetônico nas três esferas públicas: federal, estadual e municipal.
Interligados pela Alameda Cultural, os edifícios ganharão novo uso e terão sua função cultural priorizada. “Essa ação prevê a criação de espaços modernos e interativos e inclui, entre outros, a implantação de museus, bibliotecas, arquivo histórico, centro de pesquisa e estudo, galerias de arte, espaço para cinemas, salas de concerto, cafeteria e restaurante”, explica o arquiteto Marcílio Lemos, chefe do Núcleo de Obras e Recuperação do Patrimônio da Superintendência de Patrimônio Histórico e Artístico da Seduce e responsável pelo projeto.
Finalização
Os sete edifícios que integram o Circuito Cultural são a antiga Chefatura de Polícia, a Procuradoria Geral do Estado (PGE), o Palácio das Esmeraldas, o Centro Cultural Marieta Telles Machado, o recém desocupado Tribunal de Contas do Estado (TCE), o Museu Zoroastro Artiaga e a antiga Delegacia Fiscal do Estado.
Marcílio explica que o projeto está em fase de finalização e na próxima semana deve ser encaminhado para a aprovação do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico (Iphan) de Goiás. As obras, segundo ele, deverão ser iniciadas entre os meses de abril e maio e a conclusão total está prevista para os próximos dois anos.
O arquiteto destaca que todo o projeto foi executado pela equipe do Núcleo de Obras e Recuperação do Patrimônio e que por isso não representou nenhum custo extra para os cofres estaduais. Informa que no momento o Governo de Goiás busca captar recursos por meio do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC/Cidades Históricas) do Ministério da Cultura.
O valor total da obra, de acordo com ele, será de R$ 100 milhões: “Recursos que serão utilizados na restauração dos prédios e na criação dos museus, compra de equipamentos e mobiliário, restauro de obras de arte, higienização do acervo, entre outras ações”.
Marcílio conta que o processo de requalificação da Praça Cívica teve como principal inspiração uma iniciativa semelhante implantada com sucesso em Belo Horizonte. Lá, a Praça da Liberdade, principal atrativo do centro histórico da Capital mineira, teve todos os seus edifícios históricos restaurados e transformados em espaços culturais à disposição da população. Ação semelhante também ocorreu no Rio de Janeiro e em Curitiba.
Incentivo à preservação
O chefe do Núcleo de Obras e Recuperação do Patrimônio da Seduce acredita que a criação do Circuito Cultural influenciará novas intervenções no centro de Goiânia. “Se nós restaurássemos somente um edifício naquela região iria acontecer um processo de contaminação, e os outros edifícios seriam revitalizados na sequência. A Praça Cívica pode servir de exemplo para o centro comercial e nós não temos dúvida nenhuma disso”, observa.
Em busca de apoio e recursos para viabilização do projeto, o governador Marconi Perillo e a secretária de Educação, Cultura e Esporte de Goiás, Raquel Teixeira, já se reuniram com diversas autoridades federais, como o ex-ministro da Cultura, Marcelo Calero; a presidente do Iphan, Kátia Bogéa; o diretor nacional do Departamento de Patrimônio Material do Iphan, Andrey Rosenthal Schlee; e o diretor nacional do PAC Cidades Históricas, Robson Antônio de Almeida. Já está programado encontro com o novo ministro da Cultura, Roberto Freire.
Segundo o governador, o projeto é de grande valor arquitetônico e urbanístico, resgatando a tradição do goianiense de frequentar a Praça Cívica. “O objetivo é tornar o local um ponto turístico e de convivência para os moradores da cidade”, ressalta ele.
Confira as principais mudanças
Antiga Chefatura de Polícia – Será transformada em Museu da Cidade. O prédio, que hoje se encontra desocupado, já está sendo restaurado com recursos do governo federal, detentor de sua posse. O projeto prevê a restauração e requalificação da área com a instalação de espaços para exposições de longa duração. Vai abrigar também uma central de atendimento ao visitante na Alameda Cultural, através de totens digitais, maquetes, cabines eletrônicas, material de divulgação e guias capacitados.
Procuradoria Geral do Estado – Cederá lugar ao Museu Casa Goyaz, que realizará exposições temporárias e de longa duração por meio de módulos interativos, projeções audiovisuais e outros elementos tecnológicos, que apresentarão os acervos históricos e artísticos da arquitetura de Goiás em formato digital. O edifício também ganhará uma sala para concertos de música e para outras manifestações artísticas.
Palácio das Esmeraldas – O prédio que hoje é a residência oficial do governador do Estado permanecerá com sua função original. No entanto, terá algumas reformas. O piso térreo passará por musealização e será aberto à visitação. O mesmo acontecerá com os jardins internos. Uma exposição de longa duração resgatará toda a história dos ex-governadores e ex-primeiras damas que passaram pelo Palácio.
Centro Cultural Marieta Telles Machado – Será transformado em Centro Audiovisual, que inclui a construção de uma galeria coberta interligando museu, cinemas, café e casa de espetáculos. O prédio continuará sendo sede do Museu da Imagem e do Som (MIS), Cine Cultura (com duas salas), além de espaços destinados ao Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental (Fica). Ganhará ainda laboratórios e sala de exposições para mídias digitais, sala de concertos e de exposições, além de uma cafeteria.
Tribunal de Contas do Estado – Terá suas fachadas restauradas, voltando ao aspecto original, e terá requalificados os espaços internos. Abrigará o Arquivo Histórico Estadual, que será responsável pela guarda, gestão e preservação dos acervos documentais da história de Goiânia e de Goiás.
Antiga Delegacia Fiscal – O prédio terá resgatados seus aspectos originais e ganhará novo uso compatível com sua importância para a memória e a história da cidade. O edifício será a nova sede da Superintendência do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico de Goiás (Iphan) e ganhará o nome de Casa do Patrimônio em Goiás.