Governador aguarda movimentação de Iris Rezende para saber qual será a chapa adversária antes de definir sua própria candidatura. Acompanhe a informação de Fagner Pinho do Jornal Tribuna do Planalto.
(Reportem publicada no jornal Tribuna do Planalto)
Boa parte da base governista, dentre militantes e representantes do legislativo estadual e nacional, está ansiosa. O motivo é um só: a falta de confirmação do governador Marconi Perillo (PSDB) como candidato de seu grupo político à reeleição no pleito eleitoral deste ano.
Embora o discurso geral dos aliados seja de que, sim, Marconi será mais uma vez o candidato da base e buscará seu quarto governo, dito e repetido por partidários do governador, nos bastidores a agitação é grande. O principal problema não é interno. Aliás, nem é problema, mas estratégia. Marconi espera as decisões na oposição antes de decidir o seu próprio futuro.
No cenário anterior, quando Marconi sairia como candidato em julho para enfrentar Júnior Friboi (PMDB), Vanderlan Cardoso (PSB) e Antônio Gomide (PT), havia o dito ‘céu de brigadeiro’ para o tucano, vislumbrado por críticos e analistas, já que haveria a possibilidade de vitória até no primeiro turno.
Neste cenário, a cabeça de chapa de Marconi, inclusive, já estava certa e definida, com o atual vice-governador José Eliton (PP) concorrendo ao mesmo cargo e o deputado federal Vilmar Rocha (PSD) como candidato ao Senado. Por outro lado, devido as movimentações recentes, a história pode mudar.
Com a saída de Júnior Friboi do pleito e a entrada do ex-governador Iris Rezende (PMDB) como pré-candidato do partido – a ser confirmada esta semana -, as possibilidades de aliança entre alguns lados da oposição se ampliaram consideravelmente. O advento do nome de Iris no PMDB, por si só, já atraiu o interesse do presidenciável pelo PSB, o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos, para a formação de uma aliança com o peemedebista em Goiás.
Iris também atraiu a possibilidade de união com o deputado federal Ronaldo Caiado (DEM), que pode ser o candidato ao Senado na chapa do PMDB com partidos coligados. Iris tem simpatia por Caiado e vice-versa e “as portas para discussões sempre estiveram abertas entre ambos, com possibilidade real de aliança”, alerta um caiadista de longa data.
Além destes, partidos como o PDT, da deputada federal Flávia Morais; o PTN, do deputado estadual Francisco Gedda, e o PC do B, da deputada estadual Isaura Lemos, do PROS, do PRTB e do PPL, os chamados partidos do bloco independente, estão ouvindo todos os lados para saber qual caminho seguir.
Oposição unida
Este seria, na visão de alguns apoiadores da oposição e de aliados do governo, o cenário que traria certa preocupação à base governista: a união das oposições. E esse cenário novo, recente, de menos de duas semanas, é o que tem impedido, nos últimos dias, a confirmação de Marconi Perillo como candidato da base.
Uma mudança no discurso do governador foi notada nos últimos dias, inclusive. Durante solenidade de entrega de portaria que autoriza a construção de 520 ginásios em escolas públicas, realizada na quarta-feira, 4, Marconi atacou gestões passadas do ex-governador Iris Rezende.
“Eu estava no governo (de Henrique) Santillo quando ele aprovou o plano de carreira naquela época para a Educação e o governador que o sucedeu, Iris Rezende, revogou o plano da Educação. As ações que nós fizemos no terceiro mandato foram feitas para ficar, para que ninguém volte atrás”, alfinetou.
Segundo o deputado estadual Francisco Gedda, haveria a possibilidade, neste ano, de Marconi ser vítima de sua própria estratégia. Em 1998, quando o tucano concorreu pela primeira vez ao governo e venceu o próprio Iris Rezende, houve a união das oposições em torno do nome do peessedebista.
“A história mostra isso. Naquela época, o panorama era muito parecido: tinha o grupo político do candidato adversário no poder há muitos anos; tinha o candidato (Marconi) definido nos últimos dias e tinha a união das oposições a Iris Rezende em torno do nome de Marconi Perillo, como pode ocorrer hoje”, disse.
Outro caminho para o PMDB de Iris Rezende é uma aliança com o PT. Neste caso, Iris teria que abrir mão de Vanderlan e Caiado, já que os projetos de ambos são incompatíveis com o do partido da presidente Dilma Rousseff.
A aliança com o PT não assusta tanto a base aliada quanto a aliança com Vanderlan e Caiado. No grupo governista, a avaliação é de que, com as duas lideranças, Iris teria uma chapa forte, além de contar com um ex-aliado de Marconi Perillo, no caso Caiado. O governador, por sua vez, perderia de vez o DEM e caminharia com dois nomes – Vilmar Rocha e José Eliton – que, apesar de naturais, têm menor densidade eleitoral.
Sem anúncio
Um clamor pelo anúncio do nome do governador como pré-candidato da base aliada tomou conta dos presentes ao penúltimo Encontro da Base Aliada, realizado no sábado, 31, em Rio Verde, na região sudoeste do Estado. O evento serviu para o lançamento dos nomes de José Eliton e Vilmar Rocha aos cargos de vice-governador e senador por parte da base, sem confirmação do governador.
Contando com nomes dos partidos aliados importantes nacionalmente, como o do presidente nacional do PP, senador Ciro Nogueira (PI), e o do ex-prefeito de São Paulo e presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, o evento também serviu para que partidários clamassem pelo anúncio do nome de Marconi à reeleição.
O governo, porém, rechaçou qualquer possibilidade de confirmação de sua candidatura. Antes do evento, Marconi chamou seus aliados e pediu para que eles não o lançassem candidato ao governo. Manteve que só se decidirá no dia 28, data em que o PSDB marcou sua convenção partidária.
Apesar disso, houve alguns pedidos. O deputado federal Roberto Balestra (PP), por exemplo, falou em exigência do nome de Marconi à reeleição. “Temos que exigir que ele seja o próximo governador de Goiás”, afirmou. Ciro Nogueira e Alberto Pinto Coelho (PP), governador de Minas Gerais e nascido em Rio Verde, corroboraram com a opinião do deputado.
“Goiás não pode prescindir da liderança política de Marconi, que modernizou o Estado e está realizando a maior administração da história goiana”, avaliou. A senadora Ana Amélia (PP-RS), pré-candidata ao governo gaúcho, também elogiou o governador de Goiás e pediu sua reeleição: “Saio convencida, sinceramente, de que Goiás está reunido para saudar e festejar o lançamento da reeleição de um grande governador”.
Além disso, partidos da base assinaram uma carta aberta solicitando que Marconi anunciasse seu nome como pré-candidato. “É hora de fazer o chamamento ao senhor, governador Marconi, para que aceite, mais uma vez, liderar esse grupo. Os signatários da Carta de Rio Verde defendem sua reeleição, desejam a continuação do projeto do Tempo Novo”, dizia um trecho do documento.
Pedindo a manutenção do projeto político do Tempo Novo, mote de sua campanha em 1998, os presidentes dos partidos que compõem a base aliada conclamaram o anúncio de Marconi. “Por tudo isto, conclamamos o governador Marconi Perillo, a reafirmar sua disposição de conduzir Goiás, mais uma vez, na chapa que guiará o Estado para rumos ainda mais promissores”, disseram as lideranças, em outro trecho da carta.
Mesmo com todos os pedidos e com toda a pressão, Marconi reiterou que sua decisão de disputar ou não a reeleição será anunciada somente na convenção. Ao que tudo indica, e considerando a movimentação da oposição, dificilmente haverá antecipação.