Dezenas de manifestantes protestaram contra o resultado das eleições alemãs deste domingo (24) diante do escritório da AfD em Berlim. Na sacada do primeiro andar, membros do partido observavam a multidão -que lhes mostrava o dedo do meio. Policiais observavam.
O partido nacionalista de direita teve 13,5% dos votos, segundo as primeiras bocas de urna. A cifra supera as expectativas, e significa que a AfD será a primeira sigla radical de direita no Parlamento alemão desde o fim da Segunda Guerra (1939-1945).
“É importante lutarmos contra o racismo e o facismo”, disse à Folha Franka Lehmann, 31. “A Alemanha já falhou em sua história ao derrotar o nazismo em seu inicio”, afirmou sobre o regime de Adolf Hitler, que matou seis milhões de judeus no Holocausto.
“Não estou dizendo que vai se repetir. Mas precisamos lutar. Mesmo um pequeno grupo facista no Parlamento é perigoso para as minorias.”
Valentina, 34, que não quis dizer o sobrenome, também protestava. Ela passava de bicicleta quando se uniu à multidão gritando contra o partido de direita nacionalista, cuja plataforma é marcada pela aversão a migrantes e ao islã.
“Odeio eles”, disse. “Não sei se muda algo protestar, mas estou aqui.”
A AfD deve ser a terceira força do Parlamento alemão. Mas dificilmente entrará no governo -o que já foi dito explicitamente pela chanceler Angela Merkel.
Seu partido, a CDU (União Democrata-Cristã), recebeu 32,5% dos votos, cerca de nove pontos percentuais abaixo do obtido nas últimas eleições em 2013.
O SPD (Partido Social-Democrata) de seu rival, Martin Schulz, registrou 20% na boca de urna. Se confirmado, será o pior resultado de sua história.
CDU e SPD governam hoje em coalizão. O modelo é típico na Alemanha, em que nenhum partido costuma ter votos o suficiente para montar sozinhos seu governo -caso das eleições deste domingo.
Merkel pode trocar a SPD pelos Verdes em sua próxima coalizão. Mas já disse: em nenhuma hipótese governará com a AfD. (Folhapress)