Seja por rejeição aos dois candidatos que passaram para o segundo turno, ou por descrença no processo eleitoral como sinal de melhoria da qualidade de vida, dois argumentos frequentemente citados, o fato é que nas eleições de domingo em Goiânia, Anápolis e Aparecida de Goiânia, mais de 34% dos eleitores aptos às urnas, não votaram, gerando uma abstenção superior a meio milhão de pessoas (574,338). Outro aspecto que chama a atenção é que os três candidatos derrotados, tiveram número de votos bem abaixo do número de eleitores ausentes.
Em Goiânia, como mostrou o Diário de Goiás, o candidato derrotado, Fred Rodrigues (PL), teve pouco mais de 283 mil votos. Mas as abstenções somaram 352 mil. Por outro lado, curiosamente, foi um número apenas 1 mil abaixo do total de votos do adversário dele, Sandro Mabel (UB), eleito com 353 mil votos.
No primeiro turno, houve um recorde registrado em Goiânia, com 290.754 mil eleitores faltosos, o que corresponde a 28,23%. De forma ainda mais surpreendente, o número foi superado neste segundo turno, que contou, ainda, com 14.229 (2,10%) votos em branco e 27.080 (3,99%) votos nulos.
Em Aparecida de Goiânia, os votos no Professor Alcides (PL), que perdeu no domingo, foram pouco acima de 75 mil. Já as abstenções em Aparecida, local onde 35,25% dos eleitores não foram votar, somaram mais de 121 mil votos. No caso de Aparecida, o eleito, Leandro Vilela (MDB), ficou com 11 mil votos acima do número das abstenções, alcançando 132 mil votos.
Já em Anápolis, o deputado estadual Antônio Gomide (PT) perdeu atingindo 75 mil votos, enquanto a abstenção chegou a 34,24%, com mais de 100 mil eleitores faltando no dia da votação. No caso de Anápolis, o eleito foi Márcio Correia (PL) que ganhou com apenas 6 mil votos acima do número de abstenções, alcançando pouco mais de 106 mil votos.
Nesta segunda-feira (28), o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) divulgou o número oficial das abstenções do pleito de domingo. O total de 9.947.369 eleitores não compareceram às urnas no segundo turno das eleições municipais de 2024.
O número eleitores aptos era de 33.996.477, de modo que os ausentes correspondem a 29,26% do eleitorado apto a votar no domingo nos 51 municípios brasileiros onde o segundo turno das eleições municipais ocorreu, dos quais 15 eram capitais.
Apesar de ter feito apelo antes do dia da eleição, convocando o eleitor ao compromisso, no término da votação, a presidente do TSE, ministra Cármen Lúcia, já havia estimado que a abstenção no segundo turno era próxima de 29,2%. A somatória exata foi consolidada pelo Tribunal nesta segunda-feira.
O índice de abstenção neste segundo turno foi maior do que no primeiro, quando ficou em 21,7% e um dos fatores é que o eleitor que votou em candidatos derrotados se sente menos estimulado a comparecer. Por outro lado, a abstenção registrada no domingo teve pouca variação em relação a 2020, em meio à pandemia da Covid-19. A expectativa é de que o TSE faça uma análise sobre as reais motivações para a alta abstenção.