Desde o início da pandemia pelo menos 72.264 pessoas morreram no Brasil à espera de um leito de UTI – mesmo estando internadas em enfermaria – da Covid-19. O número representa um quarto dos quase 280 mil mortos pela doença em terras brasileiras. O levantamento foi feito pela Fiocruz à pedido da Folha de São Paulo e publicado neste domingo (14/03).
O número de sem leito pode ser ainda maior, haja vista que em 22.712 (10%) dos casos hospitalizados não há informação de que pessoa teve acesso a UTI. Em 124.064, o que alcança 57% casos, a morte ocorreu em um leito de UTI.
Especialistas consultados pela Folha, argumentam que as mortes acontecem pela falta de acesso da população aos leitos – seja por não haver vagas ou mesmo por dificuldade do paciente em chegar ao primeiro atendimento. Um dos motivos seria a distância d quem precisa do leito. O volume de óbitos fora das UTIs nos municípios do interior é maior que em regiões metropolitanas, de acordo com a Fiocruz, o que revela que as longas distâncias tem sido uma barreira.
A falta de vagas no sistema público de saúde tem provocado filas e espera por UTI. A folha também realizou um outro levantamento que mostra 1.538 pessoas nessa condição em treze estados até a última quinta-feira (11). Goiás estava em situação crítica com 291 pacientes aguardando um leito. Esse foi um dos motivos argumentados pelos prefeitos para a extensão por mais duas semanas nos decretos de restrição nas cidades.
Um prefeito em entrevista ao Diário de Goiás falou em 600 pedidos na última sexta-feira (13). ““Nós vamos estar conversando com os outros prefeitos da região e com o governador para tomar uma decisão em conjunto. Estamos com nossos hospitais abarrotados. Goiás tem mais de 600 pedidos de UTI, não existem vagas. Estamos muito preocupados com a situação”, destacou.