A maior parte dos brasileiros ainda não está disposto a gastar seu dinheiro em produtos e serviços digitais. É o que apontam os números da pesquisa Internet Pop, do Ibope Media, deste ano, inédita, que aponta que os conteúdos gratuitos estão no topo da preferência do consumidor de internet no Brasil.
Apenas 14% dos usuários acessam serviços de vídeo (como Netflix) que não sejam gratuitos; enquanto três em quatro donos de celulares só usam aplicativos que não o obrigam a colocar a mão no bolso.
Segundo a gerente de Learning & Insights do Ibope Media, Juliana Sawaia, o comportamento é esperado de mercados que ainda não tenham atingido “grande maturidade no meio digital”. “Isso é natural. Comércio eletrônico e internet banking, de maneira geral, dependem de uma maturação maior”, diz. Segundo a especialista, para comprar em um conteúdo, o usuário tem que ter “uma intimidade com o uso daquela informação ou saber bem o quanto vai extrair daquilo”.
A executiva diz que é interessante para os produtores de conteúdo e aplicativos pensar nesse quadro antes de precificar (ou não) seus produtos. “Se você vai criar um app, é preciso pensar no valor agregado dele. Se ele trouxer uma resposta que um grande publico espera, é possível cobrar algo como US$ 2, por exemplo. Mas tudo depende do produto”, diz. Sawaia considera o hábito de adquirir produtos gratuitos “natural” entre os “emergentes digitais”, que entraram nesse universo de forma muito rápida, principalmente através da aquisição de smartphones.
Segundo o Internet Pop, o acesso à internet via outros dispositivos, exceto computador, cresceu em relação ao último ano e totalizou 53%. Este dado reforça outro: 38% dos brasileiros não conseguem ficar mais do que algumas horas sem checar suas redes sociais, sendo o smartphone o maior responsável, segundo Sawaia.