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| Em 4 anos atrás

Maia sinaliza saída do DEM, diz que fará oposição à Bolsonaro e tece críticas à ACM Neto e Caiado

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O processo eleitoral que culminou na eleição do deputado federal Arthur Lira (PP-AL) à presidência da Câmara dos Deputados deixou fissuras e uma relação quebrantada entre o deputado federal Rodrigo Maia e o Democratas. Em entrevista ao jornal Valor Econômico nesta segunda-feira (08/02) o ex-presidente da Casa disse que a legenda está indo à “extrema-direita” e sinalizou uma saída do partido. Ele também salientou que deverá migrar para uma outra sigla partidária. Sobrou até para o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM)

Maia também insinuou traição por parte da legenda e do presidente nacional do partido, Antônio Carlos Magalhães Neto, o ACM Neto. A princípio, Maia declarou apoio ao deputado federal Baleia Rossi, do MDB, e assegurou que houve consenso com a cúpula democrata. “Todo mundo dizia que ele [ACM Neto] tinha feito acordo. O Palácio dizia que ele tinha feito acordo, [o presidente do PP] Ciro Nogueira dizia que o DEM ia ficar neutro e eu falava que não, que o Neto tinha me dito que não”, afirmou Maia.

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O ex-presidente da Câmara pontuou que havia escrito até um “discurso duro” de formação de bloco, chegando a enviar para ACM Neto que havia concordado. Houve também, a princípio, uma relação de troca de apoios. Maia cedeu e fez movimento à Rodrigo Pacheco, no Senado, enquanto que na Câmara, o apoio seria a Baleia. 

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“Mesmo a gente tendo feito o movimento que interessava ao candidato dele no Senado [Pacheco, presidente do Senado], ele [ACM Neto] entregou a nossa cabeça numa bandeja para o Palácio do Planalto”, destacando a traição de Neto.

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A desidratação de Baleia

Maia avaliou que seu partido fundamental para desidratar a candidatura de Baleia Rossi, que parecia forte e sustentável no início, mas foi perdendo fôlego. Partidos que possuem parlamentares relevantes na definição da conjuntura como PT e PSL acabaram rachando no meio do processo. Para o ex-presidente, a decisão do DEM no último momento em liberar neutralidade no voto, foi fundamental para o estopim da desidratação.

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“Diferentemente do que ele imagina, na verdade o que o Bolsonaro conseguiu foi quebrar a nossa coluna, que era toda acordada, de que nunca estaríamos no governo Bolsonaro e nunca apoiaremos o Bolsonaro. Isso eu ouvi do presidente ACM Neto centenas de vezes”, ponderou.

Sobrou até para Caiado

A avaliação de Maia é que o Democratas migrou para a extrema-direita, com apoio de ACM e de Caiado. Rodrigo disparou que faltou “caráter” para ambos.

 “O grande problema é que o partido voltou ao que era na década de 1980, para antes da redemocratização, quando o presidente do partido aceita inclusive apoiar o Bolsonaro”, ponderou. “Foi um processo muito feio do Neto e do Caiado. Ficar contra é legítimo, falar uma coisa e fazer outra, não. Falta caráter”, ponderou.

Oposição à Bolsonaro

Em toda essa toada, é quase certo que Maia dê adeus ao Democratas, sigla partidária pela qual esteve nos últimos quatorze anos. “Agora, a minha necessidade de informar que não estou mais no DEM para mim é muito importante. As pessoas ficam me dizendo para esfriar a cabeça. Minha cabeça está muito fria”, ponderou.

Ainda não há uma legenda definida, mas o que se sabe é que o ex-presidente da Câmara irá a um partido que fortaleça a oposição ao presidente da República, Jair Bolsonaro. “Apenas quero deixar claro para os que me acompanham e acompanharam meus 4 anos e 7 meses à frente da Câmara que não sou um vendido, que tenho caráter, que [não] construí um bloco com partidos de direita e esquerda para enganar essas pessoas. Estarei num partido que será de oposição ao presidente Bolsonaro.”

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Domingos Ketelbey

Jornalista e editor do Diário de Goiás. Escreve sobre tudo e também sobre mobilidade urbana, cultura e política. Apaixonado por jornalismo literário, cafés e conversas de botequim.