Apesar de dizer que a ideia de sua candidatura à reeleição ainda está “amadurecendo”, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse que, caso seja reconduzido, não irá retaliar seus adversários.
“É claro que, no dia seguinte, não haverá retaliação a ninguém. O processo de disputa eleitoral é democrático. Só falta alguém disputar uma eleição na Câmara dos Deputados, que é o Poder mais importante da democracia, e porque outro deputado disputou, porque outro partido disputou com você, e porque você ganhou, vai retaliar. Não é democrático. Não cabe a essa pessoa nem presidir a Câmara dos Deputados”, disse Maia nesta quinta-feira (5).
Rodrigo Maia já tem agenda de candidato, mas reluta em admitir a candidatura. Na quarta-feira (4), passou o dia em reuniões. Nesta sexta-feira (6), vai ao Recife (PE) reunir-se com deputados. Já estão programadas também viagens a Natal (RN) e Maceió (AL).
O Palácio do Planalto e o PSDB divergem sobre a estratégia de campanha adotada pelo deputado federal.
Enquanto adversários e tucanos pressionam o parlamentar para que oficialize que está na disputa, o governo federal prefere que ele deixe o anúncio para o fim de janeiro.
Aliados de Rodrigo Maia defendem que ele só oficialize a candidatura no dia da eleição. Entendem que todos já sabem que ele é candidato e não há necessidade de se expor.
Há um temor de que, se Maia admitir que é candidato, seja criado um fato concreto para que seus rivais cobrem do Supremo Tribunal Federal um posicionamento sobre o caso antes de fevereiro.
A Constituição Federal e o regimento da Câmara dos Deputados vedam que o presidente dispute a reeleição em uma mesma legislatura. Maia entende que, como foi eleito para um mandato tampão após a cassação de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), a regra não se aplica a ele.
Rodrigo Maia ignorou a pergunta de um jornalista que o indagou na manhã desta quinta (5) sobre a oferta de cargos no governo em troca de apoio.
Oficialmente, o presidente Michel Temer tem dito que não se envolverá no processo de escolha, mas, nos bastidores, o governo federal tem articulado a desistência de candidatos adversários e o apoio de siglas à reeleição. Até agora, por exemplo, conseguiu convencer o PSDB e o PMDB a apoiarem Maia e iniciou ofensiva sobre o PP e o PTB.
Folhapress