O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), rebateu em tom crítico a avaliação do presidente Michel Temer (PMDB) de que não haverá quorum para votar a denúncia na semana que vem.
“Na minha opinião, haverá quorum”, disse nesta sexta-feira (28). “O Brasil precisa de uma definição sobre esse assunto e não se pode, do meu ponto de vista, respeitando a opinião de cada um, se jogar com um assunto tão grave como uma denúncia oferecida pela PGR contra o presidente da República”, afirmou após almoçar com o prefeito de São Paulo em exercício, Milton Leite (DEM).
“Nosso papel é votar. Quem quiser vota sim, quem quiser vota não. Mas não votar é manter o país parado.”
Maia negou que tenha traçado estratégias no jantar na véspera com Temer no Palácio do Jaburu.
Ele disse que não precisa conversar com líderes por ter certeza de que haverá quorum. “A oposição tem os seus votos, o seu trabalho, mas aqueles que são de partidos da base e votarão a favor da abertura da denúncia não têm nenhum motivo para obstruir a votação”, afirmou.
Maia calcula que a votação terá mais de 480 deputados presentes.
O presidente da Câmara defendeu a votação imediatamente após a volta do recesso para não “deixar o paciente no centro cirúrgico com a barriga aberta”. “Essa denúncia se não for resolvida é a doença. Porque a pauta do Congresso vai ficar parada.”
Temer passou a defender que seja convocada nova sessão parlamentar na segunda semana de agosto, alegando que os partidos de oposição farão obstrução, o que inviabilizaria uma votação, já que o Palácio do Planalto reconhece que não conta com 342 parlamentares governistas.
Maia, que assumirá a Presidência caso Temer seja afastado, elogiou o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, que vem sendo atacado especialmente após o anúncio de aumento de impostos sobre combustíveis, e disse reafirmar “meu compromisso, meu apoio” à política econômica desse governo.
“A gente não pode nem deve mexer sem motivo na meta fiscal que foi apresentada no início do ano, já temos um rombo fiscal gravíssimo no Brasil, então a gente precisa votar a denúncia exatamente para que a gente possa votar ao tema das reformas”, defendeu.
Temer tem sofrido pressão de aliados para revisar a meta fiscal do governo, hoje de R$ 139 bilhões. Segundo a colunista da Folha de S.Paulo Mônica Bergamo, parlamentares já se articulam para apresentar projeto de lei aumentando o rombo em R$ 30 bilhões.
– A sessão está marcada para 2 de agosto, volta do recesso parlamentar, às 9h
– Para iniciar as discussões, 52 dos 513 deputados devem registrar presença no plenário
– Nos primeiros 25 minutos, fala o deputado Paulo Abi-Ackel (PSDB-MG), relator do parecer favorável a Temer, aprovado na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça)
– Pelo mesmo tempo falam Michel Temer ou seus advogados
– Deputados que se inscreverem podem falar por até cinco minutos cada
– A fase de votação começa com a presença em plenário de 342 deputados. Primeiro, falam dois oradores de cada lado e os líderes partidários para orientar o voto
– Depois, os parlamentares são chamados em ordem alfabética, por Estado, em voto aberto
– Para proclamar o resultado, são necessários pelo menos 342 votantes. Se o número não for atingido, é convocada sessão para nova votação