Publicidade
Categorias: Política
| Em 7 anos atrás

Maia atrai congressistas para inflar o DEM

Compartilhar

Publicidade

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), articula a migração de deputados para turbinar seu partido, que esteve em vias de extinção na era petista.

Publicidade

Ele negocia a filiação de dissidentes do PSB que se recusam a deixar a base do governo Temer. A meta é chegar a 50 deputados e tomar o lugar do PSDB como a terceira maior bancada da Câmara.

Publicidade

Nesta sexta (14), Maia recebeu um grupo de pessebistas em sua residência oficial. Ele espera atrair pelo menos dez deputados dispostos a trocar a sigla de centro-esquerda pelo antigo PFL.

O grupo é encabeçado pela líder Tereza Cristina (MS), que participou da reunião. A deputada está em conflito com a cúpula do PSB, que rompeu com o Planalto e passou a defender a renúncia do presidente Michel Temer.

Publicidade

Outros aliados do governo, como o deputado Heráclito Fortes (PSB-PI), também estão de malas prontas para mudar de sigla. “Os neossocialistas estão chegando”, brinca o deputado Pauderney Avelino (DEM-AM).

Maia reconhece que o DEM esteve próximo de desaparecer, mas diz que o partido está sendo recompensado pelos 13 anos de oposição ao PT.

“Diziam que o DEM se aliaria a qualquer governo, mas nós mantivemos a coerência. Agora estamos colhendo os resultados disso”, afirma.

O DEM esteve próximo de acabar na era petista. Depois de eleger 105 deputados em 1998, a sigla passou a encolher a cada quatro anos. Chegou ao fundo do poço em 2014, quando conquistou apenas 21 vagas na Câmara.

Hoje o partido tem 29 deputados, graças a mudanças negociadas durante a “janela da infidelidade”.

O declínio eleitoral foi acentuado pelo escândalo do mensalão do DEM, que levou à prisão do então governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, em 2010.

No ano seguinte, o atual ministro Gilberto Kassab aumentou a sangria ao criar o PSD em parceria com outro pefelista histórico, o ex-senador Jorge Bornhausen.

Os remanescentes do antigo PFL costumam lembrar uma provocação do ex-presidente Lula na campanha de 2010, quando o petista disse que era preciso “extirpar o DEM da política brasileira”.

“Fomos um exército de loucos que resistiram até o fim”, diz o ministro da Educação, Mendonça Filho. “Quem acreditou que íamos desaparecer agora tem que enxergar essa realidade”.

O deputado Avelino reconhece que a maioria dos colegas jogou a toalha ao assistir a quatro vitórias do PT em eleições presidenciais.

“Ficou só a turma da resistência. O auge do petismo foi o pior momento do nosso partido. Agora o Lula está condenado pela Justiça e o DEM voltou a crescer”, comemora.

ESTRATÉGIA

Além de atrair os dissidentes governistas do PSB, a cúpula do DEM negocia a filiação de deputados de siglas menores, como PPS e PHS.

Maia não quer avançar na bancada do PMDB para não criar novo foco de atrito com Temer. No entanto, seus aliados reconhecem que a possibilidade de o deputado assumir a Presidência aumentou o dote do partido.

A ideia é antecipar para dezembro a nova janela para trocas partidárias, que está prevista para março de 2018.

Ainda não está decidido se o DEM vai mudar de nome mais uma vez. O partido deixou de se chamar PFL há uma década, mas a operação não rendeu dividendos nas urnas.

Os defensores da nova mudança argumentam que isso facilitaria a migração de parlamentares do PSB para uma sigla de direita, com ideário conservador e ligações históricas com a ditadura militar.

Se a versão turbinada do DEM chegar a 50 deputados, a sigla passará a ter a terceira maior bancada da Câmara, atrás de PMDB (62) e PT (58) e à frente do PSDB (46).

O deputado Danilo Forte (PSB-CE), um dos descontentes do PSB, diz que a ideia é recrutar parlamentares que apoiam as reformas liberais do governo e “não estejam muito queimados na imagem ética”.

Nesta quinta (13), ele contrariou a orientação de seu partido e votou a favor do arquivamento da denúncia que acusa Temer de corrupção.

Publicidade