Em entrevista concedida ao Roda Viva nesta segunda-feira (03/08), Rodrigo Maia (DEM-RJ) destacou diversos temas. Falou que é ‘ilusão’ dizer que ‘um novo imposto’ resolverá problemas do Brasil. Ressaltou que vê necessidade em pautar a reforma administrativa antes da tributária. Salientou que não se arrepende em ter votado positivamente ao impeachment de Dilma Rousseff. Por fim, Maia disse ter votado no segundo turno no presidente eleito, Jair Bolsonaro e não vê crimes que o façam tocar os processos de impeachment que tem engavetados.
Há cerca de 50 de impeachment na gaveta de Rodrigo Maia. Ao ser questionado pelo jornalista da Folha de São Paulo, Ranier Bragon, se Maia não via crimes em nenhuma das solicitações, entre elas os ataques de apoiadores às instituições democráticas, o presidente da Câmara respondeu que não.
“Por parte do presidente não. Por parte do entorno, muitas agressões, até o Supremo tomou decisões corretas. Mas não acho, não vejo motivação para um processo de impeachment. Não que não sejam questões graves – eu já me manifestei publicamente em quase todos esses eventos [contra outros poderes] que o presidente participou -, mas não acho que a gente deva tratar isso como um processo de impeachment.”.
Salientou também que com quase 100 mil mortos pela pandemia do coronavírus o debate é dispensável. Caso arquive os processos, Maia ressalta que o processo se tornaria um recurso que deveria ser inevitavelmente votado no plenário do Congresso. “Chegando a 100 mil mortos [pela Covid-19] nós estaríamos no plenário da Câmara o recurso do meu indeferimento em vez de estar discutindo como nós vamos continuar enfrentando a crise do coronavírus”, explicou. Destacou no entanto que “se algum crime aparecer”, neste caso, “a gente vai tomar alguma decisão”, sentenciou ressaltando que não quer ficar marcado como político ‘que iniciou o processo de impeachment de Jair Bolsonaro’.
Também destacou que não se arrependeu em ter votado a favor do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. “Claro que não me arrependi”.
Criação de novo imposto
Na entrevista, Maia comentou a proposta de criação de um novo imposto, semelhante à CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentações Financeiras), enviada pelo governo do presidente Jair Bolsonaro.
Maia salientou que acha a proposta é interessante mas não é nenhuma ‘revolução’ chegou a definir Jair Bolsonaro. “Eu não acho que a proposta que o governo enviou é ruim. […] É uma boa proposta, acho que o governo acertou. Por outro lado, nós vemos um debate que é uma ilusão a gente imaginar que a criação de um novo imposto vai resolver os problemas do Brasil.”, pontuou
Reforma Tributária e Administrativa
O político citou a necessidade de discutir e aprovar a reforma tributária, mas ressaltou a importância primária de uma reorganização das despesas públicas que impactam na qualidade do serviços no país. “No ano passado a discussão que o próprio ministro Paulo Guedes trouxe a mesa e tratam exatamente do ponto mais importante no meu ponto de vista para que a gente não entre nessa ilusão. Que é exatamente controlar a despesa pública. O governo tinha prometido encaminhar à Câmara a Reforma Administrativa e ainda não encaminhou. Eu acho que a discussão ela gera uma ilusão que vamos ter dinheiro pra tudo. Não podemos esquecer que o Brasil já gasta e tributa muito a sociedade. o Brasil tira quase 40 reais de cada 100 reais por todos os brasileiros”, salientou.
Finalizou o assunto afirmando que a discussão ‘está errada’. “A nossa discussão está dando soluções que não são verdadeiras do meu ponto de vista. Pela questão por exemplo, ‘como vai se encontrar fiscal dentro do testo de gastos?’. Nós vimos o que aconteceu com a presidente Dilma. A economia caiu 7% quando os investidores viram que tinha um descontrole das contas públicas. E nós vamos ter uma herança necessária de uma herança grande da dívida pública por conta da pandemia.”, ressaltou. “Eu acho que a questão a da CPMF é um imposto ruim e que gera distorções, e essas distorções atrapalham o crescimento econômico”, avaliou. “Precisamos voltar para o Eixo do debate”.
Projeto das fake news
Maia, falou no Roda Viva, não deixou de lado e comentou sobre o projeto das fake news, que combate a disseminação de conteúdo falso na internet, e que já foi aprovado no Senado e agora tramita na Câmara. Ele se solidarizou com o empresário e criador de conteúdo digital, Felipe Neto que sofreu ataques materiais e virtuais ao longo da última semana. Maia o convidou para participar do debate em torno do assunto na Câmara.
Para o deputado, é importante ouvir as pessoas que conhecem o assunto e descobrir quem são as pessoas que financiam e produzem as notícias falsas. “A democracia precisa da liberdade de expressão, mas tudo tem limite. Não podemos achar que essa intimidação que as rede sociais tentam fazer, no Brasil e no mundo, estão no caminho correto”, disse.