Magoado com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o candidato do PDT à sucessão presidencial, Ciro Gomes, deve anunciar um “apoio crítico” na próxima quarta-feira (10) ao seu adversário do PT, Fernando Haddad.
Em reunião da executiva nacional da sigla, que será realizada em Brasília, o partido pretende fechar um apoio protocolar, definindo que o partido não ocupará cargos em um eventual governo, não participará da coordenação da campanha e fará oposição independentemente de quem seja eleito.
A legenda irá também liberar seus filiados, não aplicando punições para quem prefira se manter neutro na disputa presidencial. A única retaliação que será adotada, com a expulsão da sigla, é sobre quem anunciar adesão à candidatura de Jair Bolsonaro (PSL).
“O nosso apoio é mais contra o Bolsonaro do que a favor do PT. Até porque não podemos rasgar a nossa história”, explicou o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi.
A candidata a vice-presidente do partido, senadora Kátia Abreu (PDT-TO), por exemplo, disse à reportagem no domingo (7) que não pretende apoiar nem Haddad nem Bolsonaro. “Essa guerra não vai terminar bem. Não quero participar disso”, disse.
O apoio crítico deve-se ao ressentimento do partido com as articulações feitas por Lula para esvaziar a candidatura de Ciro. O PDT acusa o petista de ter atuado para impedir os apoios ao pedetista do PSB, que acabou neutro, e das siglas do centrão, que se aliaram a Geraldo Alckmin, do PSDB.
“O PT sempre foi muito desleal e a gente sempre foi muito leal com eles. Lealdade exige reciprocidade”, explicou o líder do PDT na Câmara, André Figueiredo (CE).
A não adesão a uma gestão petista também blinda a sigla de acusações de que ela atua por interesses fisiológicos.
Os termos do acordo foram discutidos nesta segunda-feira (8), na capital cearense. A ideia é lançar Ciro candidato a presidente em 2022 no dia seguinte ao anúncio do vencedor do pleito deste ano, programando uma agenda de viagens pelo país.
“Como a tendência é de termos um país dividido, independentemente de quem vença a eleição, Ciro se consolida como um nome de postura intermediária”, disse Lupi.
No esforço de se conseguir o apoio do PDT, o PT já iniciou uma ofensiva sobre Ciro. Haddad telefonou na noite de domingo ao candidato, mesmo dia em que a presidente nacional do PT, Gleise Hoffmann, ligou para Lupi.
Nesta segunda, o ex-governador e senador eleito pela Bahia Jaques Wagner (PT) também deve entrar em contato com Cid Gomes (PDT), irmão de Ciro e senador eleito pelo Ceará. Cid é considerado um dos mais hábeis articuladores do PDT.
Em São Paulo, Ciro deve anunciar nesta semana apoio à reeleição do governador Márcio França (PSB).
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