Em sua tentativa de falar sobre o caso de racismo que ocorreu com o jogador Vini Jr. o senador Magno Malta (PL-ES) acabou tendo falas ainda mais racistas. Isso por que o parlamentar quis criticar a midiatização do caso, ocorrido durante uma partida de futebol do campeonato LaLiga, na Espanha, no último domingo (21), mas acabou falando demais.
Durante reunião da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, Magno Malta fez um contraponto às manifestações de apoio ao jogador e chegou a questionar a ausência de defensores dos macacos, a quem o atacante brasileiro foi comparado pela torcida do time adversário, o Valencia.
“Você só pode matar alguma coisa com o próprio veneno de alguma coisa, está bem? Então, é o seguinte: cadê os defensores da causa animal que não defendem o macaco? O macaco está exposto. Vejam quanta hipocrisia! E o macaco é inteligente, está bem pertinho do homem – a única diferença é o rabo. É ágil, valente, alegre; tudo o que você possa imaginar ele tem”, disse o senador. Veja o vídeo.
Ele acrescentou que, no lugar de Vini Jr, entraria em campo “com uma leitoinha branca nos braços” e beijaria o animal para provar que não tem nada contra os brancos. Em seguida, afirmou que Vinicius Júnior está sendo “revitimizado”. Não é a primeira vez que o atleta sofre ataques racistas na Espanha.
Malta concluiu classificando como “uma barbaridade” o que fizeram contra o jogador e relativizou o componente racial das ofensas. “Naquilo que fizeram com ele, a gente leva tudo para a cor da pele, mas tem muita coisa envolvida ali: tem inveja, queria ser ele e não é queria driblar igual a ele e nunca conseguiu; é pai que queria ver os filhos jogarem, botou na escolinha de futebol, mas não deu em nada, zero… Aí tem inveja”.
Por conta deste episódio, o PSOL afirmou, na tarde desta segunda-feira (23), que entrará com uma representação contra Magno Malta no Conselho de Ética do Senado e também com uma notícia-crime junto ao Supremo Tribunal Federal (STF), podendo ter seu mandato cassado. Pelas redes sociais, o líder do partido na Câmara, Guilherme Boulos (SP), criticou o tom do discurso do senador.
“É uma vergonha que um sujeito desse represente o povo brasileiro. Uma amostra do nível da oposição bolsonarista que o PSOL enfrenta todos os dias no Congresso”.
Em sua defesa, Magno Malta disse, horas depois, do discurso polêmico, que estava sendo mal interpretado. “Estão dando uma interpretação ao modo que querem a uma analogia que fiz. Nós fizemos um momento de solidariedade ao Vinícius Junior”. Em seguida, relembrou e enfatizou um trecho de sua fala na própria reunião da CAE, quando disse que “quando duas mãos se encontram e dois corpos se unem, reflete no chão a sombra da mesma cor”. E finalizou dizendo: “racismo é nefasto, é criminoso. Essa é a minha posição”.