Justificando enfrentar o avanço de grupos radicais da ultradireita, o presidente da França, Emmanuel Macron, surpreendeu os franceses e o mundo na noite de domingo (9) ao anunciar a dissolução da Assembleia Nacional da França. Ele convocou eleições legislativas antecipadas após seu partido registrar pesadas perdas para a ultradireita no pleito do Parlamento Europeu (PE) que reúne 27 países da União Europeia.
O novo perfil do PE foi definido pela imprensa internacional como bem mais conservador e pressionado pela extrema-direita. Foi contra isso que Macron reagiu, até para conter o avanço de sua principal opositora interna, Marine le Pen. Ele vinha sendo provocado pelos opositores a antecipar as eleições e decidiu dobrar a aposta.
Em defesa da dissolução da Assembleia Nacional, Macron classificou de perigoso o que chamou de “auge dos nacionalistas e demagogos”.
Como registra o jornal Folha de São Paulo nesta segunda-feira (10), a eleição para renovar o Parlamento Europeu foi vencida na França pelo partido de ultradireita Reunião Nacional (RN), liderado por Le Pen e Jordan Bardella. Projeções divulgadas após o encerramento da votação, apontavam 31,5% dos votos para o RN, mais que o dobro do Renascimento (ou Renascença), partido de Macron, que ficou com 15,2%.
“Ao brincar com fogo, o chefe de Estado pode acabar queimando-se, arrastando o país inteiro para o fogo”, registrou Solenn de Royer no jornal francês Le Monde, também nesta segunda-feira (10). O comentarista afirma que o presidente quis “evitar o acerto de contas pós-eleitoral no seu próprio campo” em uma “operação louca e arriscada”.
A medida radical e especialmente a convocação da votação, coincide com proximidade da realização das Olimpíadas 2024, em Paris. A abertura das Olimpíadas está marcada para dia 26 de julho, com encerramento em 11 de agosto. O evento tem sido alvo de grande planejamento em termos de segurança.
Falando em rede nacional, Macron anunciou no domingo à noite que o primeiro turno das eleições será em 30 de junho e o segundo, em 7 de julho.
A prefeita de Paris, Anne Hidalgo, declarou à imprensa que é “perturbadora” a decisão de Macron, de convocar eleições legislativas antecipadas, coincidindo com os Jogos Olímpicos.