O presidente francês, Emmanuel Macron, recebeu o presidente da Rússia, Vladimir Putin, nesta segunda-feira (29) no Palácio de Versalhes.
Houve palavras duras, como a insistência do francês de que o uso de armas químicas na Síria é uma linha vermelha que, cruzada, exige uma resposta. Macron também mencionou as perseguições a gays na Tchetchênia e a situação das ONGs, que acusam Moscou de persegui-las.
Por outro lado, os dois presidentes insistiram na necessidade de uma aliança na luta contra o terrorismo, em especial contra a milícia radical Estado Islâmico, que reivindicou o atentado da semana passada em Manchester, com 22 mortos.
O encontro marca uma tímida reaproximação entre os países após uma série de atritos e uma relação conturbada na gestão anterior, do socialista François Hollande.
A desavença mais recente foi registrada nas eleições francesas de 7 de maio. Putin apoiava a candidata ultranacionalista de direita Marine Le Pen, rival de Macron.
Macron e Le Pen discordavam em uma série de questões, como o futuro da União Europeia. Macron queria ainda mais integração europeia, enquanto Le Pen defendia retirar a França do bloco.
Eles também tinham perspectivas distintas quanto à Rússia. Macron propunha endurecer as sanções europeias contra Moscou devido ao conflito civil na Ucrânia.
O movimento centrista República Em Frente!, fundado por Macron há um ano, chegou a acusar a Rússia e sua imprensa de tentar interferir nas eleições. A campanha dele foi alvo de ataques cibernéticos, incluindo o vazamento de e-mails da equipe.
Questionados por jornalistas, os presidentes disseram que o tema não foi debatido no encontro em Versalhes.
“Esse assunto não foi mencionado”, disse Putin. “Sou um pragmático. Quando eu disse as coisas uma vez, não tenho o costume de repeti-las”, afirmou Macron.
A reunião em Versalhes foi marcada por simbolismos, ao coincidir com uma exposição no palácio sobre a visita do czar russo Pedro, o Grande, 300 anos atrás.
Macron afirmou que “Pedro é o símbolo daquela Rússia que queria se abrir à Europa” -ele era um entusiasta das relações com o continente. “O que é importante nesta história é que o diálogo entre a França e a Rússia nunca foi interrompido.”
Macron afirmou que o diálogo com a Rússia é vital para solucionar uma série de disputas internacionais. Entre elas, o conflito na Síria, em que a Rússia apoia o regime de Bashar al-Assad. A Europa, por outro lado, critica os abusos do regime.
Moscou também se opõe às posições europeias na Ucrânia, ao apoiar grupos no leste do país e anexar a Crimeia em 2014, pelo qual foi alvo de uma sanções nestes anos. A Rússia cancelou um importante contrato militar com a França em 2015.
A última visita de Putin à França foi em novembro de 2015 durante a conferência climática COP21. Era, no entanto, um encontro multilateral. Haveria um encontro bilateral em outubro de 2016, mais tarde anulado depois que o então presidente Hollande acusou a Rússia de crimes de guerra na Síria. (Folhapress)