Aumentando o tom com relação à declaração conjunta amena divulgada após a última reunião do Mercosul, no último dia 21, em Mendoza, o presidente argentino, Mauricio Macri, disse nesta quinta (3) que a Venezuela “deve ser suspendida definitivamente do Mercosul. É inaceitável o que está ocorrendo neste país.”
É a primeira declaração mais incisiva de um membro do bloco desde a eleição da Assembleia Constituinte venezuelana, no último domingo (30).
Em Mendoza, tanto o Brasil como a Argentina e o Paraguai quiseram um texto final da cúpula que colocasse mais pressão contra Maduro.
O Uruguai, porém, foi contra, entre outros motivos porque o presidente do país, o socialista Tabaré Vázquez, tem em seu Congresso uma maioria de sua aliança, a Frente Ampla, que está a favor de uma solução negociada e sem a aplicação de sanções ou de ações mais duras contra o país caribenho.
Nesta quinta-feira, em Mar del Plata, Macri expressou preocupação renovada após os eventos do fim de semana e chamou à ação os outros países da região.
“Estamos alcançando um consenso em toda a América Latina e no mundo em geral de condenar o governo venezuelano, acrescentou. “A vida dos venezuelanos perdeu o valor. Deixou de ser uma democracia e os direitos humanos estão sendo violados sistematicamente”, disse.
Em Mendoza, havia ficado acertado que se daria início a um “período de consultas” que começaria com um convite a Maduro e a representantes da oposição venezuelana a irem ao Brasil -que exerce a presidência temporária do bloco- para iniciar essas consultas. Até agora, isso não aconteceu, colocando o Mercosul numa posição de espera diante do próximo passo.
O presidente colombiano, Juan Manuel Santos, também criticou nesta quinta-feira a votação convocada pelo governo Maduro.
Para ele, a Constituinte é a culminação da “destruição da democracia na Venezuela”. Ele voltou a afirmar que Bogotá não irá reconhecer suas decisões.
Além da Colômbia e da Argentina, outros sete países anunciaram que não reconhecerão a Assembleia Constituinte: Canadá, EUA, Costa Rica, Guatemala, México, Panamá e Peru. Também rejeitaram a votação a Espanha e o secretário-geral da OEA (Organização dos Estados Americanos), Luis Almagro.
O Itamaraty declarou que a eleição “viola o direito ao sufrágio universal, desrespeita o princípio da soberania popular e confirma a ruptura da ordem constitucional”. (Folhapress)