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Cidades
| Em 21 horas atrás

Mabel afirma que vai antecipar projetos do Plano de Drenagem Urbana por causa dos alagamentos

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O Plano Diretor de Drenagem Urbana (PDDU) de Goiânia, que está sendo elaborado pela Universidade Federal de Goiás (UFG), terá projetos antecipados pelo prefeito eleito Sandro Mabel (UB). Ele confirmou que não vê condições de esperar o PDDU completo diante da situação de agravamento causada pelas mudanças climáticas em choque com o excesso de impermeabilização e a falta de drenagem da capital. Nos últimos dias, cenas assustadoras de pessoas e veículos arrastados foram registradas em diferentes locais de Goiânia.

“Vamos dar prioridade grande à questão da drenagem”, afirmou Mabel durante entrevista ao programa Universo Politheia na segunda-feira (2). Ele disse que solicitou para a equipe da Agência de Regulação da Prefeitura que está trabalhando no PDDU junto com a UFG, para  separar os pontos principais do projeto que já estiverem prontos. A intenção, afirma ele, é “independente de passar pela última audiência pública, que [os pontos principais sejam] entreguem essa semana ainda para tentar este ano ainda alguma emenda em Brasília para fazer uma parte desses projetos”.

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Prefeito está disposto a antecipar projetos – Foto: reprodução de vídeo

Atualmente, o PDDU está em fase de discussão do prognóstico, o que envolve, além da UFG, a Agência de Regulação, a Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana (Seinfra), e outros setores da Prefeitura e da sociedade. A previsão é concluir o plano no início de 2025, após a consulta pública que Mabel citou.

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O PDDU está estruturado em três cenários de tempo para execução: curto (5 anos), médio (15 anos) e longo prazo (30 anos).

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Outros trabalhos serão considerados, afirma Mabel

Além disso, ele confirma que vai considerar outros dois trabalhos para ter uma ação mais emergencial. Um deles é o estudo realizado sobre drenagem e áreas de risco do Corpo de Bombeiros. A ideia é utilizar informações de cada área com embasamento sobre como fazer essa drenagem e acelerar o máximo possível.

“Tem recurso para fazer a prevenção, que é o caso de fazer as drenagens para prevenir as enchentes. Depois que destrói, o recurso [já] não é grande. E tem muito mais destruição do que prevenção”, ponderou ao comentar a pergunta do jornalista Altair Tavares, editor-geral do Diário de Goiás.

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Piscinão coberto para amenizar no Córrego Botafogo

Mabel citou a grave situação dos transbordamentos da Marginal Botafogo e disse que pediu um estudo sobre o viaduto Mauro Borges no acesso para o estádio Serra Dourada. Ele quer ver a viabilidade de utilizar uma área verde nesse ponto para o derrame do Córrego Botafogo, “nos moldes de um piscinão de controle, coberto, com jardins em cima. Seria uma alternativa para evitar que o córrego saia da caixa”, detalhou.

O futuro prefeito deixou claro que vai utilizar os projetos da UFG, mas antecipou que outro grupo, “com acesso a fontes de financiamento” deverá participar das soluções, sem informar qual. Citou também o problema na Vila Canaã e até a Feira Hippie, locais afetados por alagamentos em chuvas mais fortes.   

O Diário de Goiás consultou o pesquisador da UFG Klébber Formiga, coordenador do PDDU, sobre causas e soluções relacionadas à drenagem urbana de Goiânia. Confira as explicações!

Marília Assunção – Por que Goiânia tem tantos pontos de perigo com alto volume de águas?

Klébber Formiga  – De maneira geral, as cidades brasileiras possuem uma infraestrutura de drenagem limitada. Isso é agravado pelo aumento das áreas impermeáveis, como ruas asfaltadas e calçadas. Em Goiânia, o problema se intensifica durante o período de chuvas mais fortes, que ocorre de novembro a abril. Com mais superfícies impermeáveis, a água da chuva não é absorvida pelo solo, e os pontos de alagamento acabam se multiplicando.

Kleber Formiga, coordenador do PDDU explica cenário de alagamentos e soluções possíveis – Foto: redes sociais

Marília Assunção  – Por que os episódios de inundações têm aumentado, inclusive em áreas que antes não eram afetadas?

Klébber Formiga   – Esse aumento está relacionado ao crescimento urbano desordenado e à redução das áreas verdes. À medida que mais áreas são ocupadas e impermeabilizadas, o volume de água gerado por cada chuva cresce. Chuvas que antes não causavam grandes problemas agora provocam escoamentos significativos. Já as chuvas intensas, que historicamente geravam alagamentos, agora resultam em inundações ainda mais graves.

Marília Assunção – Quais são as principais necessidades de investimento para solucionar o problema?

Klébber Formiga   – Os investimentos precisam vir de diferentes frentes. O setor público deve priorizar a construção de obras estruturais de grande porte. O setor privado, especialmente as empresas que desenvolvem novos loteamentos, também deve adotar soluções para mitigar o impacto do escoamento. Além disso, a população tem um papel fundamental, já que parte da água que causa alagamentos é gerada em nossas casas. A solução exige uma cooperação entre governo, empresas e cidadãos.

Marília Assunção – Por que Goiânia não está preparada para lidar com o aumento no volume de águas?

Klébber Formiga  – A solução para o problema de drenagem exige atacar a raiz do escoamento: as áreas impermeáveis, como telhados, quintais cimentados, calçadas, estacionamentos e ruas asfaltadas. Cidades que conseguiram reduzir inundações investiram em estratégias para minimizar a impermeabilização. Em Goiânia, o problema é agravado pela falta de investimentos consistentes em drenagem urbana. Muitas vezes, os recursos são aplicados apenas em períodos específicos, e os sistemas acabam ficando sem manutenção por anos. Além disso, décadas atrás, alguns bairros receberam sistemas de drenagem de forma parcial, o que criou ruas com e sem drenagem, dificultando ainda mais o manejo das águas.

Marília Assunção – Quais são as perspectivas futuras caso o PDDU seja implementado, especialmente em relação à estabilização ou mitigação do cenário crítico atual?

Klébber Formiga  – Medidas podem ser implementadas rapidamente, como a melhoria no armazenamento temporário de água da chuva, evitando alagamentos. Outras ações, que dependem da participação ativa da população, requerem a criação de legislações específicas pela Câmara de Vereadores e iniciativas de educação ambiental. Essas ações demandam mais tempo, pois é necessário conscientizar a sociedade de que todos fazemos parte da solução para os problemas de drenagem urbana.   

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Marília Assunção

Jornalista formada pela Universidade Federal de Goiás. Também formada em História pela Universidade Católica de Goiás e pós-graduada em Regulação Econômica de Mercados pela Universidade de Brasília. Repórter de diferentes áreas para os jornais O Popular e Estadão (correspondente). Prêmios de jornalismo: duas edições do Crea/GO, Embratel e Esso em categoria nacional.