Brasil

Lula revela que não decretou GLO para não dar poder a militares no 8/1

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) resistiu para não decretar uma operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) em 8 de janeiro de 2023. Assim, segundo ele, evitava dar poder aos militares durante os atos golpistas daquele dia em Brasília. A declaração de Lula, em vídeo ao jornal Folha de São Paulo e portal UOL, veio nas vésperas de completar um ano dos atos, na segunda-feira (8).

Na segunda, um evento denominado “Democracia Inabalada” deve reunir cerca de 500 autoridades dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, em Brasília. Forte esquema de segurança foi montado em parceria com o Governo do Distrito Federal. O ato está sendo definido pelo Partido dos Trabalhadores, legenda de Lula, como a festa para celebrar a resistência e cobrar punição pelos atos terroristas que ocorreram.

Já as organizações sindicais e movimentos sociais farão manifestações neste domingo (7) e também na segunda-feira, em agenda paralela. Eles buscam sinalizar apoio ao processo democrático brasileiro e aos Três Poderes. Em Goiânia, o ato será às 9h no Cepal do Setor Sul.

Saída “era política” e não militar

O argumento de Lula é que não era prudente dar a gestão aos militares de uma situação que, segundo ele, tinha de ser resolvida “na política”.

No ano passado, extremistas invadiram as sedes dos Três Poderes, em Brasília. Protestavam contra o resultado das eleições de 2022, que deu vitória ao petista contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

“Por que eu, com 8 dias de governo, iria dar para outras pessoas o poder de resolver uma crise que eu achava que tinha que resolver na política? E foi resolvida na política”, afirmou o presidente no vídeo.

Flávio Dino pensava em GLO

Lula deixou claro o impacto dos atos e que teve muitas conversas sobre decretar ou não uma GLO após saber da invasão das sedes dos Três Poderes. “Nas conversas que eu tive com o ministro Flávio Dino [da Justiça], e foram muitas conversas, dentre várias coisas que ele me falou, ele aventou que uma das possibilidades era fazer GLO. E eu disse que não teria GLO. Eu não faria GLO porque quem quiser o poder, que dispute as eleições e ganhe, como eu ganhei as eleições”.

Golpistas foram mapeados, diz Lula

Sem citar nomes, o presidente afirmou que “pela 1ª vez”, foi mapeado “corretamente quem era que estava com quem” e “quem estava querendo ou não dar golpe”. Por outro lado, enfatizou que a “grande maioria [dos brasileiros] não queria ditadura, queria democracia”.

Viagem a Araraquara

Quando os golpistas atacaram, o presidente não estava em Brasília. Lula cumpria uma agenda em Araraquara, no interior de São Paulo.

No vídeo, ele comentou essa situação: “Tinha gente que não queria que eu viesse para Brasília. Eu disse, não. Eu vou para Brasília, vou para o hotel e vou para o Palácio [do Planalto]. Ganhei as eleições, eu tomei posse. O povo me deu o direito de ser presidente durante 4 anos. Eu não vou fugir à minha responsabilidade”.

Ao chegar à Capital, Lula evitou decretar GLO para não dar poder a militares durante os atos golpistas e vistoriou o Planalto e o Supremo Tribunal Federal (STF). Estava acompanhado da primeira-dama Janja Lula da Silva e de ministros do governo e do Supremo. Um dia depois, 9 janeiro, organizou um encontro no Planalto com os chefes dos Três Poderes e governadores. Todos esses atos entraram para a história como sinal de união contra o extremismo e a tentativa de golpe.

Cena marcante

Lula e ministros na vistoria após ataques aos Poderes – Foto Ricardo Stuckert/PR

“O gesto de todo mundo se encontrar aqui no Palácio do Planalto e depois visitar a Suprema Corte foi um gesto muito forte. Eu acho que é a fotografia que o povo brasileiro vai se lembrar para sempre. Nunca mais a gente vai querer dar ouvidos a pessoas que não gostam de democracia”, disse o presidente.

Para ele, a tentativa de golpe foi um divisor de águas. “Eu acho que o que aconteceu pode ser um processo depurador, de quem vai fortalecer a democracia e de quem queria enfraquecer a democracia.”

Lula fez referência ao evento de segunda-feira. “Acho que nós poderemos, com o que aconteceu no dia 8 de janeiro, e com a resposta que nós demos e com a resposta que vamos dar dia 8, nós poderemos estar construindo a possibilidade desse país viver todo século 21 sem ter golpe de Estado”.

Marília Assunção

Jornalista formada pela Universidade Federal de Goiás. Também formada em História pela Universidade Católica de Goiás e pós-graduada em Regulação Econômica de Mercados pela Universidade de Brasília. Repórter de diferentes áreas para os jornais O Popular e Estadão (correspondente). Prêmios de jornalismo: duas edições do Crea/GO, Embratel e Esso em categoria nacional.

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