Recém-liberado da prisão após 580 dias da prisão em Curitiba, graças à decisão do Supremo Tribunal Federal que livrava a prisão de condenados em segunda instância, o ex-presidente Luiz Inácio “Lula” da Silva fez um discurso contundente neste último sábado (09/11) em São Bernardo do Campo. Chamou Moro de “canalha”, fez ilação ao presidente Jair Bolsonaro com envolvimento com à “milicia do Rio de Janeiro” e se colocou como alternativa de oposição ao atual mandatário do país.
Lula explicou que não deixou o Brasil em 2018, para provar que estava sendo vítima de uma armação política. Diversos apoiadores apoiavam que o ex-presidente pedisse abrigo político em alguma embaixada e não se entregasse. “Eu tomei a decisão de ir lá para a Polícia Federal [em 7 de abril de 2018, quando se entregou]. Eu poderia ter ido para uma embaixada, mas eu tomei a decisão de ir lá, porque eu preciso provar que o juiz [Sergio] Moro não era juiz, era um canalha que estava me julgando”, declarou Lula diante do sindicato dos metalúrgicos do ABC. Em São Bernardo do Campo, enquanto discursava, seus apoiadores faziam uma grande festa em que participavam milhares de pessoas.
No período em que ficou na prisão, Lula não deixou de participar da política. Atuou nos bastidores das eleições em 2018 e foi o principal conselheiro além de ter batido o martelo em torno do nome de Fernando Haddad para o período eleitoral, com o impedimento do seu próprio nome. Concedeu entrevistas à diversos veículos a partir de fevereiro deste ano, sempre comentando sobre a política nacional e internacional. Neste período, chamou o ministro da Justiça, Sérgio Moro e o procurador da Lava-Jato Deltan Dallagnol de “mentirosos” e que iria provar um dia que eles estavam errados.
Com os vazamentos da Lava-Jato divulgados pelo The Intercept e outros veículos de comunicação, Lula declarou guerra definitiva aos membros da Lava-Jato e o ex-juiz Sérgio Moro. Se antes, tinham evidências de uma possível conspiração, com a série que está sendo conhecida como “Vaza Jato”, ele já não tinha mais dúvidas que tramaram contra ele e tudo não passou de um jogo político para tirá-lo do pareo durante as eleições de 2018.
Em seu discurso ontem em São Bernardo do Campo, ele aumentou o tom das críticas que já havia feito e que estão mentindo. “Quando o ser-humano, um homem ou uma mulher tem clareza do que ele quer na vida, do que ele representa e tem clareza que os seus algozes e acusadores estão mentindo, eu tomei a decisão de ir pra Policia Federal.”, disparou. Se Moro é “canalha”, Dallagnol não representa o Ministério Público e para Lula, “montou uma quadrilha”. “O Dallagnol não representa o Ministério Público que é uma instituição séria. O Dallagnol montou uma quadrilha com a Força-Tarefa da Lava-Jato”, vociferou.
Sobrou para Bolsonaro
Se o presidente da República Jair Bolsonaro surfou na onda negativa do anti-petismo, Lula quer devolver na mesma moeda. Ele não poupou críticas à Jair e pelo visto, não vai aceitar as críticas do atual mandatário em silêncio. Para Lula, Bolsonaro foi sim eleito democraticamente mas não tem governado para o Brasil e sim para os “milicianos do Rio de Janeiro”. “Eu vejo muitos companheiros reclamarem que está muito difícil levar o povo para as ruas, muitos companheiros querem derrubar o Bolsonaro […] Esse cidadão foi eleito democraticamente, mas ele foi eleito para governar para o povo brasileiro, não para os milicianos do Rio de Janeiro.”
E os processos que tem sofrido? Lula classificou que são todos mentirosos e garante que não sente culpa pelo que já fez. “Cá estou eu, livre como um passarinho. Durmo com a consciência tranquila de um homem justo e honesto.” Em contraste: “Duvido que Moro durma assim, que os promotores durmam assim e que Bolsonaro durma assim”, pontuou.
Por fim, disparou o que já vem falando desde antes de ser preso. Os processos que vem sofrendo foram desenvolvidos para tirá-lo do páreo nas Eleições em 2018. Mais ainda: Bolsonaro tem medo da esquerda. “Tudo o que fizeram foi para me tirar da disputa eleitoral. O que eles não sabem, é que vocês não dependem de uma pessoa, vocês dependem do coletivo. Se a gente souber trabalhar direitinho, em 2022 a chamada esquerda, de que o Bolsonaro tanto medo tem, vai derrotar a ultra direita”, prometeu.