Responsável pela construção da Arena Corinthians, a empreiteira Odebrecht não estava mais interessada em erguer o estádio, em 2011, mas foi pressionada pelo ex-presidente Lula a continuar com o projeto. A informação é do jornal “O Estado de S. Paulo”.
De acordo com a publicação, a Odebrecht tentou desistir do projeto logo no começo das obras ao tomar conhecimento de que o valor inicial previsto (R$ 300 milhões) seria reajustado para mais de R$ 800 milhões após a arena de Itaquera ser escolhida para abrigar a estreia da Copa do Mundo de 2014.
Aos investigadores da Lava Jato, Marcelo Odebrecht disse, ainda segundo “O Estado de S. Paulo”, que Lula avisou que o projeto de construção do estádio corintiano teria que seguir até o fim. Torcedor corintiano, Lula negociou a criação do estádio diretamente com Emilio Odebrecht, pai de Marcelo e ex-presidente da construtora.
“Vocês [Odebrecht] têm que fazer o estádio, olha quantas coisas você ganha aqui, pô, faz…”, declarou Marcelo, reproduzindo o que teria sido a declaração de Lula.
“Aí, faz a p do estádio”, acrescentou Marcelo, imitando a voz de Lula.
Marcelo informou ainda que a construção do estádio seria ruim financeiramente para todas as partes envolvidas no projeto.
“Vamos sair, não vamos ganhar nada com isso”, teria dito Marcelo aos seus executivos, logo no começo das obras. O ex-presidente da empreiteira já havia se manifestado ser contrário à construção do estádio, mas teve de ceder aos apelos do pai Emilio Odebrecht.
“Aí é aquela história, entra Lula, André Sanchez recorre a Lula”, acrescentou.
A Odebrecht teria se comprometido a fazer um estádio de até R$ 400 milhões. Para resolver a pendência financeira, ficou decidido que a Prefeitura de São Paulo assumiria o valor restante (R$ 420 milhões), através de emissão de CIDs (títulos públicos).
No entanto, os valores assumidos pela gestão municipal não foram repassados. Houve a necessidade de empréstimos bancários para finalizar o projeto. A Odebrecht continuou com as obras, e o Corinthians ficou com a dívida.
Os seguidos impasses gerados durante o projeto incomodaram a cúpula da Odebrecht.
“A gente sempre ficava no pé do Lula, porque no fundo quem tinha metido a gente nesse enrosco, foi o Lula”, relatou Marcelo.
O projeto da Arena Corinthians foi considerado um “atoleiro” por Marcelo Odebrecht.
“Você começa, você entra no atoleiro e não sabe como sair depois”.
Consultada pelo UOL Esporte nesta segunda-feira (8), a assessoria da Odebrecht comunicou:
“A Odebrecht entende que é de responsabilidade da Justiça a avaliação de relatos específicos feitos pelos seus executivos e ex-executivos. A empresa está colaborando com a Justiça no Brasil e nos países em que atua. Já reconheceu os seus erros, pediu desculpas públicas, assinou um Acordo de Leniência com as autoridades brasileiras e da Suíça e com o Departamento de Justiça dos Estados Unidos, e está comprometida a combater e não tolerar a corrupção em quaisquer de suas formas”.
A reportagem entrou em contato com o escritório do advogado de Lula, Cristiano Zanin, e aguarda posicionamento oficial. (Folhapress)