O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vai buscar apoio do ex-prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil (PSD) em seu primeiro ato após o lançamento da pré-candidatura ao Planalto.
O petista chegou nesta segunda-feira a Minas Gerais, onde tem a agenda até quarta-feira. O desafio para o petista é garantir palanque no Estado – Lula e Kalil trocaram diversos sinais, nos últimos meses, com a intenção de uma composição, ainda que o PSD não integre a coalizão de partidos que já declarou apoio ao petista no primeiro turno.
Pela manhã, Lula se reuniu num hotel na zona sul da capital com lideranças locais dos partidos que compõem sua base, além do PSD, e pregou união de partidos para vencer o presidente Jair Bolsonaro (PL) na eleição presidencial. “Separados, somos fracos Mas juntos nós temos muito mais força para derrotar esse governo”, disse Lula. “É a primeira vez que recebo apoio de todas as centrais sindicais e de todos os partidos progressistas de esquerda em Minas Gerais e no Brasil.”
No mês passado, Lula chegou a afirmar que “Kalil precisa de mim e eu preciso do Kalil” em Minas Gerais, segundo maior colégio eleitoral do País, com 15,7 milhões de eleitores, perdendo somente para São Paulo.
Nesta segunda-feira, em entrevista à Rádio Super Notícia, Kalil afirmou que a aliança do PSD com o PT no Estado ainda é um impasse, mas que não irá aliar-se a Bolsonaro. “Eu não vou com Bolsonaro porque meu espectro não é o do Bolsonaro”, afirmou Kalil, principal adversário do governador Romeu Zema (Novo) na disputa pelo governo.
A pedra no caminho do petista é o espaço pretendido pelo PT mineiro na chapa com Kalil para emplacar o deputado federal Reginaldo Lopes (PT-MG) como candidato ao Senado. A resistência do PSD envolve outro candidato, o senador Alexandre Silveira (MG), nome que fecharia a composição do partido em Minas, com Kalil como candidato a governador e o deputado estadual Agostinho Patrus, presidente da Assembleia Legislativa, como vice. A chapa puro-sangue pessedista conta com as bênçãos do presidente do Senado, senador Rodrigo Pacheco (PSD).
Alexandre Silveira, ligado ao Centrão e ex-presidente do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) no primeiro governo Lula, era suplente do senador Antonio Anastasia (PSDB-MG), e assumiu o cargo em fevereiro deste ano, com a ida de Anastasia para o Tribunal de Contas da União (TCU). Como Silveira é senador, o PSD mineiro defende que ele deve ser candidato para permanecer no cargo. O PT, por sua vez, apresentou o nome de Reginaldo Lopes, fundador e membro histórico da legenda em Minas Gerais.
O impasse no nome para a vaga única de senador também gera uma divisão interna no PSD de Minas Gerais, com um grupo da sigla inclinado a não dar palanque para Lula no Estado, e declarando seu apoio à reeleição de Bolsonaro. Por outro lado, essa decisão deixaria Kalil sem apoio na esfera nacional. O ex-prefeito faz oposição ao presidente e já manifestou em diversas ocasiões ser contrário ao governo Bolsonaro.
Por fim, há um entendimento de que nos acordos partidários para as eleições possa haver candidaturas avulsas. Ou seja, o petista e o pessedista podem ser candidatos ao Senado, dividindo o palanque de Lula em Minas.
Além de Belo Horizonte, Lula vai a Contagem, na região metropolitana da capital, e em Juiz de Fora, na Zona da Mata. (Por Carlos Eduardo Cherem/Estadão Conteúdo)