CURITIBA, PR (FOLHAPRESS) – O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi indiciado novamente na noite desta segunda-feira (12), sob suspeita de corrupção passiva, num inquérito da Operação Lava Jato.
Além dele, também foram indiciados, sob suspeita de lavagem de dinheiro, a ex-primeira-dama Marisa Letícia; o ex-ministro Antonio Palocci; seu assessor Branislav Kontic; o advogado de Lula, Roberto Teixeira; e os empresários Glaucos da Costamarques, primo do pecuarista José Carlos Bumlai, e Demerval de Souza Gusmão Filho, dono da construtora DAG.
O ex-presidente é acusado de ter se beneficiado de propina da empreiteira Odebrecht, usada na compra de um terreno que seria destinado ao Instituto Lula e também de um apartamento em São Bernardo do Campo, alugado por Marisa Letícia.
Para a PF, Palocci foi o responsável por fazer a interlocução com a Odebrecht e operar os pagamentos, viabilizando as duas operações.
O terreno onde seria instalado o Instituto Lula foi comprado pela DAG Construções, em 2010. Seu pagamento está listado em uma planilha apreendida com o “setor de operações estruturadas” da Odebrecht, responsável pelo pagamento de propinas.
Segundo a investigação, foi Palocci quem negociou a compra do imóvel com a Odebrecht, como parte de acertos entre a empreiteira e o PT. O instituto, porém, acabou sendo instalado em outro local.
Já o apartamento de São Bernardo, vizinho à cobertura onde Lula mora, foi comprado pelo empresário Glaucos da Costamarques, primo de Bumlai, que é amigo do ex-presidente. Ele é alugado por Marisa Letícia, em pagamentos declarados no Imposto de Renda, como um “apoio” para a família, segundo a defesa.
Para a PF, a operação foi feita para ocultar o verdadeiro dono do imóvel, que teria sido comprado com recursos também oriundos da Odebrecht.
OUTRO LADO
O ex-presidente Lula nega ter recebido qualquer tipo de vantagem indevida durante e depois de seu mandato na Presidência, e afirma estar sendo perseguido politicamente pela Lava Jato.
Para sua defesa, a acusação da compra do terreno destinado ao Instituto Lula “não tem materialidade” e é “um suposto favorecimento que nunca existiu, inventando uma sede que o instituto nunca teve, com o claro objetivo de difamar sua imagem”.
Palocci, preso preventivamente em Curitiba, nega peremptoriamente que tenha intermediado propinas com a Odebrecht, e diz que era seu papel como ministro da Fazenda fazer a interlocução com o setor empresarial.
Em nota, o advogado de Lula, Roberto Teixeira, afirmou ser alvo de “abusos e retaliação” por parte do delegado federal Márcio Anselmo, responsável pelo indiciamento. Ele diz ter encaminhado respostas ao delegado na sexta à noite, “menos de um dia útil” antes do relatório final.
“[Foi uma] clara demonstração de que o ato já estava preparado e não havia efetivo interesse na apuração dos fatos”, afirmou Teixeira.
O indiciamento é a conclusão do inquérito policial. Agora, caberá ao Ministério Público avaliar se há provas suficientes para levar o caso à Justiça e apresentar nova denúncia contra o ex-presidente.