BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, réu em cinco ações penais, chamou de “canalha” o empresário Joesley Batista, da J&F, que, em delação premiada, disse que pagou propina no valor de US$ 150 milhões para Lula e Dilma Rousseff por meio de contas no exterior. A fala aconteceu na abertura do 6º Congresso Nacional do PT, em Brasília.
“Um canalha de um empresário diz que fez uma conta no exterior pra mim e pra Dilma, mas a conta está no nome dele e ele que mexe na grana [plateia ri]. Tá na hora de parar de palhaçada, que o país não aguenta mais viver nessa situação, nesse achincalhamento”, completou o ex-presidente.
Ele repetiu ainda que “já provou” sua inocência e agora quer que “eles provem minha culpa”. “Eu não quero que vocês se preocupem com o meu problema pessoal, esse eu quero decidir com o representante do Ministério Público da Lava Jato”.
O ex-presidente também criticou o discurso do PT, geralmente focado na própria militância, e disse que o partido deve se reconectar à esquerda, radicalizando posições, se quiser voltar a governar o país a partir de 2018.
Lula admitiu que os últimos seis anos foram “os mais difíceis da história do PT” e pediu que os dirigentes da sigla parem de falar para eles mesmos e discursem para fora, para que a legenda “volte a despertar esperança”.
“Não falem para vocês mesmos, falem para os milhões e milhões de brasileiros que não estão aqui e que precisam que o PT tome as decisões certas para voltar a despertar esperança”, declarou diante de centenas de dirigentes petistas.
“2018 está longe para quem não tem esperança, mas, para nós, 2018 é logo aí, já começou e não estamos com medo. Vamos voltar a governar esse país a partir de 2018”, completou o ex-presidente.
Até sábado (3), dirigentes do PT elegerão o novo presidente da sigla -que deve ser a senadora Gleisi Hoffmann (PR)- e discutirão as diretrizes do partido diante da crise que assola o país e o governo do presidente Michel Temer.
Lula disse que a legenda não pode “perder tempo” avaliando os governo Lula e Dilma, mas fazer um discurso “exequível”. Disse ainda que é preciso “transformar o nosso discurso” e “radicalizar o que puder em defesa da liberdade”. “Senão, a gente precisa fazer aliança com outros partidos, e não se faz aliança com quem perde, se faz com quem ganha”, disse.
DILMA
Em seu discurso, a ex-presidente Dilma Rousseff defendeu as eleições diretas para substituir o presidente Michel Temer, sendo Lula o seu candidato, e disse que o país é “ingovernável” sem reforma política e a democratização dos meios de comunicação. Ela disse que, quando se rompe a Constituição, como no seu processo de impeachment, “tudo é possível”.
“Perder eleição não é vergonha, vergonha é tentar ganhar no ‘tapetão’, sem voto”, afirmou Dilma.
Segundo ela, as acusações que apareceram contra Temer eram de conhecimento de “todas as instituições de investigação” e que parte do Judiciário e do Ministério Público usa a lei para “guerra”.
“E é isso que nós estamos vendo: o Executivo briga com o Ministério Público, o Ministério Público, com Judiciário e o Judiciário, com Legislativo”, disse. “E cria-se um esfacelamento institucional, um esgarçamento dos direitos.”