SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Impactado pela inadimplência ainda em alta, o Bradesco fechou 2016 com lucro líquido de R$ 17 bilhões, queda de 4,2% quando comparado ao resultado de 2015. No quarto trimestre, o lucro foi de 3,9%, para R$ 4,4 bilhões. Os dados incluem o desempenho do HSBC Brasil, que foi incorporado aos resultados os banco no terceiro trimestre. O Bradesco comprou a operação brasileira do banco inglês em agosto de 2015 por R$ 16 bilhões, mas a operação só foi aprovada pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) em junho do ano passado.
A carteira de crédito do banco terminou 2016 em R$ 515 bilhões, alta de 8,6% devido a entrada dos empréstimos que eram originalmente do HSBC. O banco, no entanto, segue restritivo ao conceder novos empréstimos.
Entre o terceiro e o quarto trimestre, os empréstimos encolheram 1,3%, especialmente pela pouca disposição do banco em financiar micro e pequenas empresas (-7,3% no período).
A inadimplência entre os clientes do Bradesco continua crescendo e alcançou 5,5% em dezembro, ante 4,1% no mesmo mês de 2015. O único segmento que o percentual de calotes dá sinais de queda é o de grandes empresas. Isso ocorre, no entanto, porque uma grande companhia (provavelmente a empresa de sondas Sete Brasil) foi lançada para perdas e deixa de figurar no índice.
Para compensar o crédito em baixa e as despesas com calotes, o Bradesco acompanhou seus pares e arrecadou 12,8% mais com receitas de tarifas em 2016, R$ 3,185 bilhões. O maior crescimento veio do segmento de conta-corrente.
DESPESAS
As despesas de pessoal do banco saltaram 20%, R$ 2,938 bilhões, devido a reajustes salariais dos bancários e também à chegada dos funcionários do HSBC. As despesas administrativas subiram 17% em 12 meses, para R$ 2,8 bilhões.
O banco, no entanto, fechou 223 agências desde que incorporou os pontos de atendimento do HSBC. Além disso, 1.129 funcionários deixaram o banco entre setembro e dezembro.
A aquisição do HSBC deixou o Bradesco com mais agências e funcionários que seus pares em um momento em que os grandes bancos se fixam em reduzir custos e incentivar clientes a migrarem para os canais digitais.
O Bradesco tem hoje 5.314 agências e 108,8 mil empregados. Os números superam inclusive os da Caixa, que aguarda autorização do governo para realizar um programa de demissão voluntária. A expectativa do banco público é encolher em 10 mil o quadro funcional de 95 mil servidores.