O lobista da JBS, Ricardo Saud, afirmou que o grupo JBS foi procurado insistentemente pelo senador Aécio Neves (PSDB) depois da derrota na disputa presidencial de 2014 pedindo mais doações para que ele pudesse quitar despesas de campanha.
“Doamos R$ 80 milhões na campanha e fomos o maior ou um dos maiores doadores. O grupo não tinha dívida com ele. Eram dívidas dele com terceiros”, disse Saud aos procuradores.
Segundo Saud, Aécio Neves procurou Joesley Batista, dono da J&F, várias vezes, para tentar resolver suas pendências financeiras com os advogados Alberto Toron e Sânzio Nogueira. Cada um, segundo o delator, recebeu R$ 1 milhão pago pelo primo de Aécio Neves, Frederico Pacheco de Medeiros, que foi preso nesta quinta (18).
Ainda segundo o delator, a JBS era atendida por um dos advogados e o senador chegou a sugerir a Joesley Batista que fizesse um aditivo contratual prevendo o pagamento da despesa de Aécio Neves. Joesley se negou e disse que doaria em quatro mensalidades de R$ 500 mil, mas que seria a última contribuição.
“Ele [Aécio] cobrava a ajuda [da JBS], mas nunca fez nada”, disse Saud. “Ele prometeu, prometeu, mas nunca fez nada por nós.”
Apesar disso, Saud afirmou que, por outro lado, a empresa doou pela “expectativa de poder”. “A gente muitas vezes ajuda deputado, senador, candidato. Lá dentro depois [eleito], não é pra fazer nada, só pra não atrapalhar.” (Folhapress)