Subiu ontem para 24 o número de mortos em um dos mais mortíferos acidentes de metrô da história, em meio a dúvidas sobre a integridade da via elevada que desabou na noite de segunda-feira sobre uma movimentada avenida no sudeste da Cidade do México. Mais de 70 pessoas ficaram feridas e 27 permaneciam internadas, 7 em estado grave. Apenas cinco dos mortos – entre eles crianças – tinham sido identificados. Uma pessoa presa no próprio carro sob os destroços foi retirada com vida, mas gravemente ferida.
Câmeras de segurança registraram o momento exato em que a estrutura cedeu, levando o trem a cair de uma altura de pouco mais de cinco metros nas proximidades da estação Olivos, perto das 22h30 locais, provocando nuvens de pó.
Os vagões do trem ficaram pendurados em forma de “V” e os destroços da estrutura caíram sobre veículos que passavam pelo local, em um acidente anunciado, já que o trecho da Linha 12 do metrô apresentava falhas recorrentes e sua construção foi marcada por denúncias de irregularidades.
A prefeita da Cidade do México, Claudia Sheinbaum, disse a jornalistas que aparentemente houve uma “falha estrutural” e uma viga mestra cedeu. Ela acrescentou que uma empresa norueguesa estava sendo contratada para realizar a investigação. O serviço de resgate foi suspenso temporariamente porque a estrutura estava muito frágil, mas foi retomado depois que um guindaste foi usado para estabilizar os vagões pendurados na estrutura.
A linha 12 do Metrô, que passa sobre a via elevada que desabou, foi construída em 2012, quando o atual ministro das Relações Exteriores, Marcelo Ebrard, era prefeito da Cidade do México. Alegações de projeto e construção deficientes na Linha 12 surgiram logo depois que Ebrard deixou o cargo de prefeito. A linha teve de ser parcialmente fechada em 2013 para que os trilhos pudessem ser reparados. Ebrard e Sheinbaum são vistos como os sucessores mais prováveis do presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, cujo mandato termina em 2024.
Surgiu preocupação com a integridade das vias elevadas e as colunas de apoio no trecho onde ocorreu o acidente após depois que um poderoso terremoto atingiu o México em setembro de 2017. Na época, o jornal El Universal publicou que uma coluna entre as estações de Olivos e Nopalera havia sofrido danos estruturais. O jornal mexicano disse que engenheiros conduziriam uma pesquisa de ultrassom do aço de reforço em 300 colunas ao longo da porção elevada da Linha 12, mas não ficou claro qual trabalho foi feito para resolver as questões de segurança.
O chefe de estação da Linha 12, Jesús Urban, revelou que seis meses atrás tinha alertado sobre danos estruturais justamente no ponto onde ocorreu o acidente, mas não lhe deram atenção. Ele destacou que alertas foram feitos sobre outros trechos da Linha 12, assim como nas linhas B, 5 e 9.
Funcionários do metrô ameaçam paralisar os trabalhos na próxima semana, alertando para os riscos com que circulam os trens das 12 linhas da Cidade do México, que transporta cerca de 4 milhões de pessoas por dia e é o segundo maior das Américas, depois do de Nova York. A diretora-geral do Metrô, Florencia Serranía Soto, disse a El Universal que a empresa francesa TCO foi contratada em 2016 para conservação das instalações e infraestrutura e não identificou riscos. (Com agências internacionais)
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo./Por Estadão Conteúdo