O presidente catalão, Carles Puigdemont, disse nesta terça-feira (10) ao Parlamento regional ter recebido “o mandato do povo para que a Catalunha vire um Estado independente em forma de república”. Mas pediu, em seguida, que legisladores suspendessem a separação para que houvesse um diálogo com Madri.
A manobra, no entanto, parece ter apenas adiado o caos institucional na Espanha. Não está claro quais serão os próximos passos do governo regional por sua separação.
“Não somos uns delinquentes. Não somos uns loucos. Não somos uns golpistas. Somos gente normal que esteve disposta a todo o diálogo necessário”, Puigdemont disse ao Parlamento catalão por volta das 19h40 locais (14h40 em Brasília).
Os corredores da Casa estavam abarrotados com centenas de repórteres, que improvisavam suas redações em pequenos gabinetes para acompanhar as declarações.
O país e a comunidade internacional aguardam agora, ansiosos, a reação do Estado espanhol. O premiê conservador, Mariano Rajoy, pode utilizar o Artigo 155 para suspender a autonomia parcial já existente na Catalunha e convocar eleições nessa região. Ele pode também pedir a detenção de Puigdemont.
Não existe nenhum cenário aparente em que esse conflito se dissipe com facilidade. Caso não reaja, Rajoy arrisca fortalecer o movimento separatista. Se utilizar a força, alimentará também os separatistas -que terão a prova do argumento de que são reprimidos por Madri.
Mesmo acionando o Artigo 155, Rajoy não tem garantias de estabilidade. Partidos separatistas catalães já anunciaram seu boicote a eventuais eleições antecipadas.
Antes de sua fala, uma hora mais tarde do que o previsto devido a reuniões de emergência, o presidente catalão havia se sentado na sala parlamentar mordiscando uma das pernas de seu óculos. Um sino convocava os legisladores. Do lado de fora, ativistas se aglomeravam em torno do edifício, localizado no histórico parque da Cidadela, para apoiar o governo regional. Agricultores estacionaram tratores nas imediações.