Eleições 2022

Leia todas as respostas que Lula deu à sabatina do Jornal Nacional

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi o terceiro presidenciável entrevistado na sabatina do Jornal Nacional, nesta quinta-feira (25/08). Conduzida pelos jornalistas William Bonner e Renata Vasconcellos, o petista tocou em pontos sensíveis sobre as gestões petistas como os casos de corrupção na Petrobrás, equívocos cometidos por sua sucessora Dilma Rousseff (PT) especialmente durante o segundo mandato.

Ao longo dos 40 minutos, Lula mencionou algumas vezes o atual presidente e seu principal concorrente na corrida para o cargo, Jair Bolsonaro. Primeiro, disse que nunca precisou de amigos em cargos de chefia de órgãos do Estado. Fez referência a um “procurador engavetador” sem citar o nome de Augusto Aras. “Aquele amigo que você escolhe que nenhum processo vai pra frente? Eu poderia ter feito isso, não fiz. Escolhi da lista tríplice. Eu poderia ter impedido que a Polícia Federal tivesse um delegado que eu pudesse controlá-lo. Não o fiz”, pontuou.

LEIA TAMBÉM: No Jornal Nacional, Lula reconhece que Dilma “cometeu equívocos” durante o segundo mandato  

Em outro momento dentro do mesmo assunto disparou que Bolsonaro “muda diretores toda hora”. Depois, foi mais direto nas críticas: o presidente da República sequer cuida do orçamento. Quem faz todas as tarefas é o presidente da Câmara.

“Não é moeda de troca. É usurpação do poder. Acabou o presidencialismo. O Bolsonaro não manda nada. O Bolsonaro é refém do Congresso Nacional. O Bolsonaro sequer cuida do orçamento, sequer cuida do orçamento. O Orçamento quem cuida é o Lira. Ele que libera verba. O ministro liga para o Lira não liga para o presidente da República. Isso nunca aconteceu desde a Proclamação”, disparou.

Leia todos os trechos da entrevista que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu ao Jornal Nacional abaixo:

CASOS DE CORRUPÇÃO

Primeiro eu acho importante você ter começado esse debate com essa pergunta. Durante cinco anos eu fui massacrado e tô tendo hoje a oportunidade de poder falar isso abertamente ao vivo com o povo brasileiro. Primeiro, a corrupção só aparece quando você permite que ela seja investigada. Eu queria começar dizendo para você uma coisa muito séria. Foi no meu Governo que a gente criou o Portal da Transparência, que colocamos a CGU com Ministro para fiscalizar. Que a gente criou a Lei de Acesso à Informação, com a Lei Anticorrupção, a Lei contra o Crime Organizado. Contra a Lavagem de Dinheiro. A AGU entrou no combate à corrupção. Criamos o COAF para cuidar de movimentações financeiras atipicas e colocamos o CADE para combater os cartéis. Todas as medidas tomadas no meu governo. Além do que o Ministério Público era independente e além do que a Polícia Federal recebeu no meu governo mais liberdade do que qualquer outro momento da história.

MENSALÃO

Porque você tá lembrado que em 2005 quando surgiu a questão do Mensalão eu cheguei a dizer o seguinte: só existe uma possibilidade de alguém não ser investigado neste país que é não cometer erro. Se cometer erro vai ser investigado. E foi isso que fizemos: se alguém comete o erro, alguém comete o delito. Investiga-se, apura, condena ou absolve e está resolvido o problema. 

LAVA-JATO E SEU EQUÍVOCO

O que foi o equívoco da Lava-Jato? É que a Lava-Jato enveredou por um caminho político delicado. A Lava-Jato ultrapassou o limite da investigação e entrou no limite da política e o objetivo era o Lula e tentar condenar o Lula. Não sei se você tá lembrado que no primeiro depoimento que eu fiz ao Moro eu disse a ele que ele estava condenado a me condenar porque ele já permitiu que a mentira fosse longe demais. E ele sabia do que eu tava falando. E aconteceu exatamente o que eu preferia. Quando nós entramos com o Habeas Corpus na Suprema Corte foi antes e bem antes do Hacker. Se você pegar o nosso HC a gente tá dizendo coisa que depois se descobriu com o hacker investigado pela Polícia Federal. Vou dizer para você olhando nos olhos do povo brasileiro: não há hipótese. Quero voltar à presidência da República e qualquer hipótese de alguém cometer qualquer crime por maior ou menor que seja pessoa será investigada e julgada e essa pessoa será punida ou absolvida. É assim que se combate a corrupção no país. 

QUAIS AS MEDIDAS FUTURAS PARA COMBATE A CORRUPÇÃO?

Primeiro as medidas estão colocadas. Eu poderia ter escolhido um procurador engavetador. Aquele amigo que você escolhe que nenhum processo vai pra frente? Eu poderia ter feito isso, não fiz. Escolhi da lista tríplice. Eu poderia ter impedido que a Polícia Federal tivesse um delegado que eu pudesse controlá-lo. Não o fiz. Permiti que as coisas acontecessem do mesmo jeito que pudessem acontecer. Vamos continuar criando mecanismos para investigar qualquer delito que aconteça na máquina pública brasileira. Eu já disse quinhentas vezes que a corrupção, eu poderia por exemplo, fazer decreto de 100 anos. Decreto de sigilo, sabe? Que tá na moda, agora? Eu poderia para não apurar nada, decreto de 100 anos de sigilo para o Pazuello, para os meus filhos, os meus assessores… Ou eu poderia não investigar nada. Pega um tapetão, coloca em cima de qualquer denúncia e nada vai ser apurado, e não vai ter corrupção. A corrupção só aparece quando você governa de forma republicana e que você permite que as pessoas sejam investigadas independente de quem sejam. Eu tive a alegria e sorte de ter um ministro do porte doo Márcio Thomaz Bastos que era uma figura inatacável neste país, do ponto de vista da incompetência e da seriedade. Pode ficar tranquilo que quem errou vai pagar.

ATUAÇÃO DO MP NO COMBATE À CORRUPÇÃO

Você num pode dizer que não houve corrupção se as pessoas confessaram. O que é mais grave é que as pessoas confessaram e por conta das pessoas confessarem ficaram ricos por conta de confessar. Ou seja, foi uma espécie de uma delação premiada. Você não só ganhava a liberdade por ganhar o que quisesse ao Ministério Público como ganhava a metade do que roubou. Ou seja: o roubo foi oficializado pelo MP o qu eeu acho uma insanidade e aberração por este país. O correto era fazer a investigação que tinha que fazer, da forma mais correta possível, como fizeram no meu tempo que era presidente e depois se a pessoa fosse inocente você absolve. Se a pessoa for culpado, você condena. Aqui no Brasil, temos um problema sério: as pessoas são condenadas pelas manchetes de jornal e depois não se volta atrás.

SOBRE A LAVA-JATO

Que ótimo voltou e o MP queria pegar dois bilhões e meio para criar um fundinho para eles. Mais ainda: a gente olha o que eles devolveram mas vamos olhar os prejuízos que foram dados. Por conta da Lava-Jato nós tivemos quatro milhões e quatrocentos mil desempregados neste país. Por conta da Lava-Jato, nós tivemos duzentos e sessenta milhões que deixaram de ser investidos neste país. Por conta da Lava-Jato, a gente deixou de arrecadar cinquenta e oito bilhões. O que eu quero te dizer é que você pode fazer investigação como foi feito na Coréia na Samsung, como foi feito na França na Aston, como foi feito na Volkswagen na Alemanha. Você investiga, se o empresário roubou você condena, você prende mas você permite que a empresa continue funcionando. Aqui no Brasil, se quebrou as indústrias de engenharias que demoramos quase um século para construir. Agora que vamos ter o prejuízo. Se eu ganhar as eleições, vamos ter que fazer um grande plano de investimento de infra-estrutura. A gente vai ter que recuperar muitas obras. Eu vou fazer uma reunião com 27 governadores para saber quais as obras prioritárias de cada Estado e vamos fazer esse país voltar a andar. 

LISTA TRÍPLICE DO MINISTÉRIO PÚBLICO

Porque eu quero que eles fiquem com uma pulguinha atrás da orelha. Eu não quero definir agora o que eu vou fazer. Primeiro eu preciso ganhar as eleições. Esse negócio da gente falar que vai prometer as coisas antes da gente ganhar, a gente comete um erro. Eu respeito muito o Ministério Público. Uma das queixas que eu tenho da força-tarefa da Lava-JAto é que eles quase jogam o nome do MP na lama. Porque houve muitos equivocos e aberrações. O MP é uma instituição séria que eu sempre valorizei da mesma forma como a Polícia Federal. Se um dia eu pudesse contar para você, os vários depoimentos que eu prestei para delegados, as perguntas insanas que eram feitas, numa Instituição que eu respeito muito. Eu acho que o estado brasileiro tem que ter instituições muito fortes para o governo exercer  a democracia.

“NÃO QUERO AMIGO PROCURADOR”

Eu não quero procurador leal a mim. O procurador tem que ser leal ao povo brasileiro a instituição. Pode ficar certo que se eu ganhar as eleições, antes da posse, eu vou ter várias reuniões com o MP para discutir os critérios que eu acho que é importante para eles o Brasil. Para mim, o que precisa é dar segurança para o povo. Como eu dei quando era presidente. O meu primeiro diretor da Polícia Federal foi o Paulo Lacerda, que não era meu amigo e que trabalhava com o Tuma, que foi o cara que procurou a investigação do Collor. Eu não quero amigo, quero pessoas sérias e responsáveis que falem o nome das instituições porque as instituições que garantem o funcionamento da democracia tem de ser forte. 

SOBRE LISTA TRÍPLICE

Em minha defesa eu tenho três indicações. Você deve estar lembrada que eu indiquei para o MP o procurador-geral que estava julgando o Palocci e eu mantive ele porque eu não quero amigo no MP, na Polícia Federal, no Itamaraty, em nenhuma instituição. Quero pessoas competentes, ilibadas, pessoas republicanas e pessoas que pensem sobretudo no povo brasileiro.

INTERFERÊNCIAS DE BOLSONARO EM INSTITUIÇÕES DO ESTADO

Interferência, não. Teve muitas interferências. O Bolsonaro troca qualquer diretor a hora que quiser, basta que ele não goste. E eu não fiz isso e nem vou fazer. O delegado não tá lá para fazer as coisas que eu quero. Você se lembra que a Polícia Federal e eu tava na India que foi na casa de um irmão meu que morreu quando eu tava preso. Esse cara ganhava 2.900 reais aposentado da Prefeitura, a PF invadiu a casa dele. Eu sabia antes e falei que não iria interferir porque quem ficou sabendo não era o Lula, é o presidente da República. Ela que cumpra com suas funções. Para mim, a seriedade das instituições é o que vai garantir o exercício da democracia neste país. Você pode ficar certa que as coisas virão a acontecer da forma mais republicana possível que possa acontecer. Quero voltar porque eu quero ser melhor que eu fui. Eu quero voltar porque eu quero fazer coisas que eu deveria ter feito e não sabia que era possível fazer. É por isso que eu escolhi uma pessoa como o Alckimin de vice. Para juntar duas grandes experiências na minha vida. Um cara que foi governador de São Paulo por 16 anos e vice. E o cara que foi considerado o melhor presidente da história do Brasil. É esses dois que vão governar este país. 

SITUAÇÃO DO PAÍS DURANTE O GOVERNO FHC

É que você não deve lembrar o que os meus economistas diziam pra mim nas eleições de 2002. Naquela época o Brasil tava quebrado. Naquela época vocês lembram que o Brasil quebrou duas vezes no governo FHC. O Malan, que era um homem sério, ele todo o final de ano ia para Washington tentar pegar dinheiro para fazer fechar o balanço com caixa de governo. Vocês estão lembrado de duas pessoas do FMI que vinham para o Brasil investigar o Brasil todo o dia e os meus economistas diziam que o Brasil tá quebrado, o Brasil tá quebrado e eu fui lá dizer o porque que vocês querem que eu ganhe as eleições?

LULA EM 2003

Quando eu tomei posse em 2003 o Brasil tinha 10,5% de inflação, tinha 12% de desemprego. Devia 30 bilhões ao FMI, tinhamos uma dívida pública de 60,4%. O que fizemos? Primeiro, reduzimos da inflação para a meta que era 4,5% mais 2 menos 2 durante todo o meu período de governo. Reduzimos a dívida pública de 60,4% para 39%. Fizemos uma reserva de 360 bilhões de dólar e ainda emprestamos 15 milhões para o FMI. ALém do que, fizemos a maior política de inclusão social que a história deste país conhece. EU digo sempre que tem três palavras mágicas para governar este país: a primeira delas é credibilidade, a segunda delas é previsibilidade e a terceira é estabilidade. Você tem que garantir, primeiro que quando você falar é as pessoas acreditem que você fala. Quando você fala na previsibilidade é que ninguém pode ser pego desprevenido com mudança de governo. E a estabilidade, é para você convencer um governo cumprindo sua tarefa que os empresários privados no Brasil e estrangeiros tenham condições e saibam que tenham estabilidade para fazer investimentos aqui dentro. Nunca antes na história do Brasil, esse governo teve uma chapa Lula e Alckmin  para poder ganhar credibilidade interna e externa para fazer as coisas acontecerem no Brasil.

EQUÍVOCOS QUE DILMA COMETEU

Sábado eu estive com a Dilma no Vale do Anhangabaú em São Paulo. Ela sabia que eu vinha aqui. E ela virou para mim e disse que se perguntarem do meu governo, não responda, fala para me convidarem que eu vou lá para discutir com eles. O que que quero dizer para você: primeiro que a Dilma é uma das pessoas que eu tenho mais profundo respeito pela competência e ajuda que ela deu quando ela chefe da Casa Cívil. A Dilma fez um primeiro mandato extraordinário. A crise internacional se agravou e mesmo assim ela se endividou para manter as políticas sociais e manter o emprego em 4,5% que foi o menor desemprego que tivemos na história deste país. Era como se fosse padrão Noruega, padrão Holandês. Eu acho que ela cometeu equívocos na questão da gasolina, ela sabe que eu penso isso. Acho que cometeram equívocos na hora que fizeram 540 bilhões de desoneração e isenção fiscal de 2011 a 2040 e acho que quando ela tentou mudar, ela tinha uma dupla dinâmica contra ela: Eduardo o presidente da Câmara e o Aécio no Senado que trabalharam o tempo todo para que ela não pudesse fazer nenhuma mudança. Ela mandou Medida Provisória para mudar. Como aconteceu com o FHC. Quando o FHC teve o segundo mandato ele mandou medida para poder evitar que o Brasil quebrasse e tinha como presidente da Câmara o Temer que ajudou a aprovar as coisas. Não trabalhou contra e o presidente da Câmara, da Dilma, trabalhou contra o tempo inteiro contra a Dilma.

NÃO PODERIA TER AUXILIADO DILMA?

Se um dia entrar alguém no teu lugar para fazer o Jornal Nacional você vai perceber o que é rei morto, rei posto. Quando você deixa o governo, quem ganha vai governar do jeito que entender. Quem tá de fora não vai mandar, eu vou voltar a governar este país se o povo assim permitir, para fazer as coisas melhor que eu fiz. A minha obsessão, um homem de 76 anos de idade, que diz todo o dia que tem energia de 30 de voltar a governar este país é porque eu acho que é possível voltar a recuperar este país. A economia voltar a crescer, gerar empregos e melhorias nas condições de vida das pessoas. Se eu não acreditasse nisso eu não voltava. Eu preferia ficar em casa vivendo os louros de ser o melhor presidente da história do país. Eu vou voltar para provar que é possivel fazer mais. E eu espero que quando eu tiver no governo vocês me convidem para vir aqui para poder checar o que está acontecendo neste país. 

ARTICULAÇÃO POLÍTICA

Hoje temos dez partidos junto comigo e ainda tenho a experiência do ex-governador Alckimin comigo. Muita gente pensava há um ano atrás que era impossível isso acontecer. Me juntei para dar uma demonstração para a sociedade brasileira. Política não tem que ter ódio. Política é a coisa mais extraordinária para você estabelecer convivência entre os contrários.

SOBRE O ORÇAMENTO SECRETO

Você acha que o mensalão é mais grave do que o orçamento secreto? Deixa eu lhe falar uma coisa. A vida política estabelecida em regime democrático é a convivência democrática na diversidade. Nenhum presidente da República num regime presidencialista governa se não estabelecer relação com o Congresso Nacional. O centrão não é um partido político. Até porque só tem o partido político no país: o PT, o PCdoB talvez o PSOL e o PSB. Quase todos os outros partidos são cartoriais, são cooperativas de deputados que se juntam em determinadas circunstâncias. Quem ganhar as eleições, se for, a Renata ou o Lula vai ter que conversar com o Congresso Nacional. Não conversar com o centrão, porque o centrão não é um partido político. Você vai conversar com os partidos separados e o nome ‘centrão’ foi cunhado para poder derrotar a gente na constituinte de 88 que a gente tava avançando muito na área social. 

IMPRENSA LIVRE

Punido e denunciando as pessoas. O que eu acho maravilhoso é denunciar a corrupção. O que é grave é quando a corrupção fica escondida. Por isso que eu acho importante uma imprensa livre, uma justiça eficaz, se tiver problema de corrupção, tem que ser denunciado. Em qualquer lugar, na empresa privada ou empresa pública. Não é possível você ficar guardando a corrupção sem levar em conta o prejuízo que aquilo trás à sociedade brasileira. Todo esse monte que eu li para vocês vai ser aperfeiçoado para fazer mais e melhor. Para a gente até descobrir, mas quando descobrir as pessoas serão punidas.

BOLSONARO PARECE BOBO DA CORTE

Não é moeda de troca. É usurpação do poder. Acabou o presidencialismo. O Bolsonaro não manda nada. O Bolsonaro é refém do Congresso Nacional. O Bolsonaro sequer cuida do orçamento, sequer cuida do orçamento. O Orçamento quem cuida é o Lira. Ele que libera verba. O ministro liga para o Lira não liga para o presidente da República. Isso nunca aconteceu desde a Proclamação. Eu tenho consciência que uma das minhas tarefas e do Alckmin se a gente ganhar é a gente tentar primeiro trabalhar durante o processo eleitoral para que elegemos muitos deputados e senadores com outra cabeça. Segundo: acabar com essa história de semi-presidencialismo, de semi-parlamentarismo no regime presidencial. O Bolsonaro parece o bobo da corte. Ele não coordena o orçamento. Veja que engraçado: ele acabou de aumentar o auxilio emergencial para 600 reais. Ele queria 200, a gente queria 600, ele mandou 500 e agora mandou 600. Até quando? Até 31 de dezembro porque na LDO que ele mandou para o Congresso Nacional agora não tem continuidade. E agora ele acaba de mandar a LDO e vem aqui mentir dizendo que vai continuar. Se fosse continuar porque não colocou na Lei de Diretrizes Orçamentárias?

CONVERSA COM GOVERNADORES E PARLAMENTARES

Conversando com eles. Primeiro que durante a campanha vou trabalhar muito a questão da eleição. Hoje não é só o presidente da República não. Os governadores dos estados estão reféns dessas emendas secretas também. Antigamente os deputados iriam conversar com o governador para fazer aplicação de verba. Hoje os deputados não conversam mais. Tem deputado liberando 200 milhão, 150, 100 milhões. Isso é um escárnio. Não é democracia. Pode ficar certo que vamos resolver tudo isso. 

CIÚMES DO ALCKIMIN

Nós não estamos vivendo no mesmo mundo. Eu tô até com ciúmes do Alckmin. Você tem que ver que sujeitos espertos. Ele fez um discurso no dia 7 de maio, quando ele foi apresentado oficialmente ao PT que eu fiquei inveja, ele foi aplaudido de pé. O Alckmin já foi aceito pelo PT de corpo e alma. O que eu não quero é que o PT peça para que ele se filiar porque eu não quero brigar com o PSB. Mas o Alckmin é uma pessoa que vai me ajudar. Eu tenho 100% de confiança que a experiência dele como governador de São Paulo e depois como vice do Mário Covas, vai me ajudar a consertar este país. É a única razão pela qual eu quero voltar a ser presidente é consertar este país. Tem que voltar a crescer, tem que voltar a ser feliz e voltar a gerar emprego para o povo. O povo tem que voltar a comer uma churrasquinho, comer uma picanha e tomar uma cervejinha.

BRASIL ERA FELIZ DURANTE POLARIZAÇÃO PT E PSDB

Feliz era o Brasil e a democracia brasileira quando a polarização neste país era entre PT e PSDB. A gente era adversário político, a gente trocava farpas mas se a gente se encontrasse no restaurante eu não tinha nenhum problema em tomar uma cerveja com o FHC, com o José Serra ou o Alckmin porque a gente não se tratava como inimigo. A gente se tratava como adversário.

TORCIDA ORGANIZADA

Militância é militância, é como torcida organizada. A torcida organizada não é a torcida do Flamengo, do Vasco, aquela que briga. Política você tem divergência, você briga, diverge, mas você não é inimigo. 

POLARIZAÇÃO É POSITIVA

A polarização é saudável no mundo todo. Tem nos Estados Unidos, na Alemanha, na França, Noruega, na Finlândia, tem em tudo conté lugar. Não tem polarização no Partido Comunista Chines ou no Partido Comunista Cubano. Agora quando você tem democracia e mais que um disputando a polarização é saudável. Ela é importante e estimulante. Ela faz a militância e vai para rua. Faz a militância carregar bandeira. O que é importante é que a gente não confunda polarização com estimulo ao ódio. Eu me dou bem com o PSDB que foi meu principal adversário durante muito tempo. E depois é o seguinte: eu aprendi na minha vida a conversar. Se tem uma coisa que eu aprendi fazer foi negociar e conversar com os contrário. Se tem uma coisa que eu aprendi a fazer foi negociar e conversar com os contrários. Tem uma frase do Paulo Freire que é fantástica que eu utilizei para mostrar aos militantes no PT para justificar a entrada do Alckimin: de vez enquando precisamos a gente precisa estar ao lado dos divergentes para vencer os antagônicos. Nós precisamos vencer o antagonismo do fascismo, da ultradireita. 

MP ‘SALVOU’ O AGRONEGÓCIO

Eu queria que você trouxesse aqui o mais reacionário representante do agronegócio e perguntasse para ele o que o Bolsonaro fez a ele que chegou perto daquilo que nós fizemos. Eu queria que você chamasse. Não tem nenhum governo que tratou o agronegócio na forma como nós tratamos. Eu vou dizer que fizemos a MP432/2008 se não me falha a memória, que fez uma negociação com os produtores rurais de 85 bilhões de reais senão eles tinham quebrado.

PROBLEMAS COM O AGRONEGÓCIO

A nossa política em defesa da Amazônia, a nossa política em defesa do Pantanal, a nossa política em defesa da Mata Atlântica. A nossa luta contra o desmatamento fazem com que eles sejam contra nós. Eles são contra. Outro dia eu fui a uma reunião e eu perguntei para um fazendeiro qual foi a terra produtiva que o Sem Terra invadiu. Qual foi a Sem Terra produtiva invadiu? Porque o Sem Terra invadia terras improdutivas. Quem fiscalizava a terra era o Incra e quem pagava era o governo. TInha hora que eu achava o seguinte: o Sem terra acho que ta´fazendo um favor para os fazendeiros porque tá invadindo a terra  para o governo pagar.

AGRONEGÓCIO FASCISTA

O agronegócio que é fascista e direitista. Os empresários sérios que trabalham no agronegócio, que tem comércio com o exterior e exporta para Europa e China, esses não querem desmatar. Esses querem preservar os nossos Rios, as nossas águas e fauna. Mas você tem um monte que quer. O atual presidente tinha um ministro do Meio Ambiente que dizia que era para passar a boiada, para desmatar a Amazônia. Nós não precisamos planta milho, soja ou cana e criar gado na Amazônia. Precisamos explorar correta e cientificamente a biodiversidade da Amazônia para retirar da biodiversidade a riqueza os produtos para indústria de fármaco e cosmético e gerar emprego para aquelas pessoas.

PAPEL DO MST EM EVENTUAL GOVERNO PETISTA

O MST tá fazendo uma coisa extraordinária. Tá cuidando de produzir. Não sei se vocês sabem que o MST tem várias cooperativas. O MST é o maior produtor de arroz orgânico do Brasil. Você tem que visitar uma cooperativa do MST no Brasil. Você vai ver que aquele MST de 30 anos atrás não existe mais. Agora o Bolsonaro tá ganhando alguns fazendeiros porque tá liberando arma. Tem gente que acha que é bom ter arma em casa que acha que é bom matar alguém, não. O que queremos é pacificar este país. Para mim, o pequeno e médio produtor rural tem que viver pacificamente com o negócio que o Brasil tem. Possibilidade de ter os dois: um produz mais internamente e o outro produz externamente. Eu digo sempre o seguinte: o Blairo Maggi que é o maior plantador de soja do Brasil talvez ele não crie a galinha caipira que ele gosta de comer, talvez ele não crie o porquinho orgânico que ele gosta de comer. Talvez ele vá comprar num pequeno proprietário. É extremamente importante a convivência política dessa gente.

RELACIONAMENTO COM DITADURAS LATINO-AMERICANAS

Para um democrata a gente precisa respeitar a auto-determinação dos povos. Cada país cuida do seu nariz. É assim que eu quero para o país e assim que eu quero para os outros. Você tá lembrado que em 2003, eu tinha apenas um mês de governo eu criei um grupo de amigos junto com os Estados Unidos e a Espanha, para resolver as pendengas que tinham entre a Venezuela e a Colômbia. Você sabe que eu tenho na minha cabeça que não existe ninguém insubstituível, quando o cara começa a pensar ou imprescindível ele tá virando um ditador. Você tá lembrando que eu tinha 87% de bom e ótimo quando um deputado do PT resolveu propor uma emenda no Congresso Nacional para o terceiro mandato e eu não quis. Eu sou favorável a rotação do poder. A alternância do poder que é uma coisa importante. Hoje tem um cara de esquerda, depois tem um de direita, depois um de centro e é assim que a sociedade caminha.

“AMIGOS DESAPARECIDOS”

Se eu ganhar as eleições você vai ver a enxurrada de amigos que estão desaparecidos que vão visitar o Brasil. O Brasil vai ser amigo de todo o mundo. O Brasil não tem contencioso internacional.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Eu queria dizer ao povo brasileiro que nós já provamos que podemos cuidar do povo brasileiro. Eu não gosto de utilizar a palavra governar. Eu gosto de utilizar a palavra cuidar. Colocar o pobre no orçamento do país. Tentar fazer com que as pessoas cheguem a Universidade, e você sabem que eu tenho orgulho de ter passado para a História como o presidente que mais fez universidade e escola técnica. Pegamos o Brasil com 3 milhões de estudantes universitários e deixamos com 8 milhões. Esse é o país do futuro que precisamos construir. Não existe nenhuma experiência de país que ficou rico sem investir na Educação. Então, nós vamos voltar para poder investir na geração de emprego. Temos quase que 60% das famílias brasileiras endividadas e a maioria é mulher. Nós vamos negociar essa dívida. Vamos negociar com o setor privado e o sistema financeiro porque precisamos que o povo brasileiro volte a viver com dignidade.

Domingos Ketelbey

Jornalista e editor do Diário de Goiás. Escreve sobre tudo e também sobre mobilidade urbana, cultura e política. Apaixonado por jornalismo literário, cafés e conversas de botequim.

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