O laudo do Instituto de Criminalística aponta que o menino João Victor Souza de Carvalho, 13, morto após uma confusão em uma lanchonete Habib’s, morreu devido a um infarto após consumo de drogas, segundo informações do SPTV, da TV Globo.
De acordo com o jornal, foram encontrados no sangue do garoto traços de tricloroetileno e clorofórmio, substâncias encontradas no lança-perfumes e que podem provocar arritmia cardíaca, e de cocaína. Ele também tinha escoriações, mas nenhum tipo de fratura, edema ou trauma que possam ligar sua morte a agressões.
Familiares de João Victor dizem que ele foi agredido com um soco por dois seguranças da lanchonete e, em seguida, teve parada cardíaca. Funcionários do Habib’s, porém, contaram outra versão à polícia: disseram que o adolescente estava alterado, foi apenas repreendido e teve um mal súbito logo depois.
O boletim de ocorrência, registrado no 13º DP (Casa Verde), na zona norte, afirmava que o adolescente pedia comida na lanchonete e que, em determinado momento, apresentou “comportamento alterado”. Testemunhas disseram que ele ameaçava bater com madeira em carros de clientes, foi repreendido por funcionários e desmaiou.
Socorrido, João Victor morreu antes de chegar ao hospital. O laudo do serviço funerário exibido pela família apontava a causa da morte como “infarto do miocárdio”.
O caso foi registrado pela Polícia Civil como “morte suspeita”. O boletim de ocorrência diz que não havia marcas de violência no corpo. Familiares negam: dizem que o adolescente levou pelo menos um soco no rosto.
Um vídeo divulgado pela TV Band na semana passada mostra João Victor segurando um pedaço de pau. Em determinado momento, o garoto atravessa a rua correndo, seguido por dois homens, que retornam depois arrastando o menino e o jogando contra o chão. Ele aparenta estar desacordado e não demonstra reação.
Para o advogado Ariel de Castro Alves, que acompanha a família do garoto, reforçam a suspeita de agressão. “Essas imagens reforçam o depoimento da testemunha. É um indício de que funcionários do Habib’s podem ter praticado agressões que desencadearam a morte da criança”, afirma ele.
A testemunha Silvia Helena Troti, 59, afirmou à polícia ter visto João Victor ser agredido por “um homem forte, gordo, moreno com uniforme do Habib’s” e desmaiar em seguida. Segundo o relato, o homem segurou o garoto pela gola da camisa e deu um soco na cabeça dele.
Ela também contou que presenciou um outro funcionário do Habib’s “alto e magro” puxar o adolescente pelos braços junto com o primeiro agressor e, juntos, seguiram de volta para o Habib’s. O menino desmaiou durante o trajeto e, segundo ela, espumava pela boca.
O catador Marcelo Fernandes de Carvalho, 43, pai do adolescente, diz que o menino tinha uma marca roxa do lado direito do rosto. “Tudo o que eu quero é saber o que aconteceu com o meu filho. É horrível ficar nessa angústia. Ele era um bom garoto, sempre me ajudava comprando algum alimento”, disse.
Prima do adolescente, a secretária Alini Cardoso, 26, disse que a família não pôde ver se havia marcas de agressão no corpo (nem no reconhecimento, pois o garoto estava vestido, nem no velório, pois o caixão veio lacrado -só era possível ver o seu rosto por um vidro).
Segundo parentes, o adolescente fazia malabares em semáforos e não estudava.
O Habib’s, por meio de sua assessoria de imprensa, informou que a rede apura os fatos da “lamentável ocorrência”. Disse que a PM foi acionada após a conduta “incontrolável” de João Victor e que o resgate foi chamado. Também disse que vai cooperar com as investigações. (Folhapress)