Cidades

Juíza negou pedido de prisão de Padre Robson

A juíza Placidina Pires, da Vara de Feitos Relativos a Organizações Criminosas e Lavagem de Capitais, negou, em março, um pedido do Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) para prisão do Padre Robson de Oliveira Pereira, fundador-presidente da Associação Filhos do Pai Eterno (Afipe).

O pedido foi feito no processo que culminou na Operação Vendilhões, que investiga irregularidades financeiras na Afipe e associações com fins semelhantes. O MP-GO apura supostos crimes de lavagem de dinheiro, apropriação indébita e associação criminosa.

Conforme o MP-GO, a prisão do padre era necessária, pois ele, “há vários anos”, se apropriava de recurso da Afipe e transferência bens da associação para terceiros. O órgão também pediu para que ele fosse afastado do cargo que exerce na Afipe e a proibição de que entrasse em imóveis da entidade.

Ao negar o pedido dos promotores, a magistrada afirmou que padre Robson é “líder religioso, primário e de bons antecedentes criminais”. Segundo ela, “a simples existência de indícios da prática de crimes de natureza grave” não são suficientes para determinar a prisão do religioso”.

Placidina Pires também afirmou que não há evidências de que padre Robson, em liberdade, poderia atuar para destruir provas ou intimidar testemunhas. Ela também negou os pedidos para afastá-lo da presidência da Afipe e de proibi-lo de acessar a entidade.

Movimentações suspeitas

O Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) aponta que um grupo liderado pelo padre Robson de Oliveira Pereira, presidente da Associação Filhos do Pai Eterno (Afipe), teria movimentado cerca de R$ 120 milhões de forma suspeita.

A movimentação ligada a transações imobiliárias é citada no pedido do MP-GO à juíza Placidina Pires, da Vara de Feitos Relativos a Organizações Criminosas e Lavagem de Capitais.

Conforme a investigação, valores arrecadados de fiéis, majoritariamente para a construção da nova Basília Santuário do Divino Pai Eterno, foram utilizados em benefício próprio e de terceiros. O MP-GO afirma que o imóveis vinculados às associações também eram usados pelo padre e terceiros.

Para o MP-GO, o padre “criou várias associações com a mesma finalidade, endereço e nome, e com inovações e alterações estatutárias que gradativamente lhe deram poder absoluto sobre todo o patrimônio das Afipes”.

Quebra de sigilo

A juíza autorizou quebra dos sigilos bancários, fiscais e telefônicos, além da interceptação telefônica de investigados. Os bens imóveis ligados às Afipes também foram bloqueados.

Na peça, a magistrada afirma que há estimativa inicial de prejuízo de R$ 60 milhões. “É imprescindível levar em consideração que os crimes apurados são eminentemente de proveito econômico e pessoa jurídica que propaga a vivência na fé a ao Divino Pai Eterno”, diz a decisão.

Afipe se converteu em empresa, diz promotor

Conforme o promotor Sebastião Marcos Martins, quando o MP-GO recebeu a investigação sobre a extorsão, “se deparou com uma grande teia de movimentação financeira, de valores altíssimos, com propriedades de valor elevado, que mereceriam análise mais aprofundada”.

O MP-GO afirmou que a Afipe se tornou “uma grande empresa”. “Ela tem argumento religioso, mas se converteu numa grande empresa, que explora agropecuária, venda de imóveis”, disse o promotor. “As contas bancárias foram usadas para comprar fazendas, residências em condomínios fechados em Goiânia, em São Paulo”, completou.

Ele citou ainda que “muitas pessoas que orbitam em volta das Afipes começaram a apresentar uma valorização patrimonial muito grande”.

Martins ponderou que ainda é cedo para imputar a prática de qualquer crime ao Padre Robson e aos outros investigados. “Precisamos analisar a documentação. Apreendemos muitos documentos, pen drives e HDs”, informou. “Tentaremos analisar a origem desse dinheiro. Existem alguns repasses que identificamos, que não estão devidamente esclarecidos. Alguns valores, algumas citações de empréstimos que precisamos entender”, explicou.

O promotor frisou que a investigação prossegue. Os próximos passos serão ouvir testemunhas, confrontar dados de contratos, analisar informações de imposto de renda e dos documentos obtidos na busca e apreensão desta sexta.

Redação / Diário de Goiás

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