Os 31 torcedores corintianos detidos durante a briga no Maracanã continuarão presos depois que a juíza Marcela Caran decretou a prisão preventiva em audiência de custódia nesta terça-feira (25), no Tribunal de Justiça no Rio de Janeiro.
Presos em flagrante após o jogo do Maracanã no último domingo, os integrantes do grupo foram enquadrados por crimes de lesão corporal -confirmada por um laudo positivado nos PMs-, dano qualificado, provocar tumulto em locais de jogos, resistência qualificada e associação criminosa.
Os corintianos tiveram a prisão convertida de flagrante para preventiva depois de quase três horas de audiência. O 32º torcedor envolvido, que é menor de idade, não esteve no tribunal pois foi encaminhado para a delegacia de menores e adolescentes.
“Audiência de custódia não é para soltar pessoas indiscriminadamente, e sim para soltar quem deve ser solto e prender que deve ser preso. Eu entendi que neste caso, pela violência empregado contra a polícia e resistência, havia necessidade de manutenção da conversão em preventiva”, explicou a juíza Marcela Caran.
Entre os 31 torcedores, um deles já havia sido preso por tráfico de drogas. Chama-se Jamaury Mauri Ribeiro. Já Fabio Barbosa Tomé, que tem câncer de pele, receberá tratamento na prisão.
Na defesa, 17 dos torcedores alegaram que foram agredidos por policiais. Um deles, Vitor Hugo Souza mostrou marcas de agressões após um pedido do advogado de defesa para tirar a camisa.
Os torcedores presos dormirão em celas separadas em Bangu. Os torcedores que relataram terem sofrido agressões de policiais serão encaminhados ao IML (Instituto Médico Legal) para exame de corpo de delito. Muitos choraram após a decisão da juíza.
O advogado de defesa de um dos presos, Rafael Faria, disse que entrará ainda nesta terça-feira (25) com um pedido de habeas corpus. “Vamos entrar com o habeas corpus ainda hoje no plantão judicial, uma vez que a decisão de custódia não obedeceu a princípios e garantias do processo penal”, disse o advogado, que tem Edson Rodrigues como cliente.
“O meu cliente nem sequer estava no estádio no momento da agressão. A defesa acredita que a Justiça não teve pulso firme ao não individualizar as condutas de todos os torcedores. A Policia Militar também cometeu arbitrariedades. Muitos foram lesionados, temos imagens e fotos. Deve-se investigar as lesões do policial, mas também dos torcedores”, disse.
A juíza contesta a alegação. “Neste tipo de ação quase generalizada é difícil dizer que fulano deu um soco em qual das vitimas. A sustentação dos advogados é no sentido de falta de individualização, mas os policiais narraram e apontaram para cada um dos custodiados dizendo qual agressão eles tinham praticado. É óbvio que é de uma forma mais superficial”, explicou.
Depois de dormirem na Cadeia Pública José Frederico Marques, em Bangu, os 31 corintianos chegaram ao Tribunal de Justiça por volta das 8h40 (de Brasília) desta terça-feira e passaram por perícia. Na sequência, eles foram entrevistados por defensores públicos.
A audiência teve início às 11h15 (de Brasília). A juíza Marcela Caran fez uma série de questionamentos que permitiram traçar um perfil dos torcedores.
Os salários variavam de R$ 1.000 a R$ 2.500 e a maioria cursou até o ensino médio. O clima tenso na audiência só foi quebrado quando a juíza questionou um torcedor sobre o apelido, que era “Ce tá loko”. Marcela Caran perguntou se o apelido era o mesmo de “você está maluco”, o que gerou risos entre os demais.
Muitos dos custodiados estavam com a mesma roupa do dia do jogo. Havia membros das organizadas Gaviões da Fiel, Camisa 12, Coringão Chope e Estopim da Fiel.
(Folhapress)