Antônio Francisco Calado, de 57 anos, sofre de esquizofrenia paranoide, uma perturbação mental grave caracterizada pela perda de contato com a realizada (psicose), alucinações e delírios (crenças falsas), e há 25 anos vive em um buraco. O homem vive no pequeno município de Nova Roma, a 517 km de Goiânia.
Ao analisar o processo de Antônio, o juiz Everton Pereira dos Santos, da comarca de Iaciara, determinou uma inspeção judicial no local, com o objetivo de constatar não só a sua incapacidade, mas principalmente suas condições de vida. O buraco está localizado em um local de difícil acesso. De Iaciara para Nova Roma são 50 km de asfalto, outros 30 de estrada de chão e quase um quilômetro a pé até o buraco.
A irmã de Antônio, Raimunda Calado, ajudou o juiz a chegar ao local. Segundo ela, o irmão sai do buraco todos os dias bem cedo e só retorna no fim da tarde. Na cidade ele é conhecido como “homem do buraco”, “homem do mato”.
Após a visita, o juiz, além de instruir e julgar a ação de interdição de Antônio, sentenciou os processos de pensão por morte dos pais dele, por ele ter sido considerado incapaz. De acordo com ele, a inspeção judicial reforçou a incapacidade já atestada no laudo médico pericial do homem. “O autor se isolou no meio da mata, abdicando de cuidados higiênicos, morando num buraco por ele construído, criando animais e com alimentação precária”, disse o juiz.
O advogado do caso, Eder César de Castro Martins, admitiu que o resultado positivo da sentença só foi possível devido à iniciativa do juiz.