A delegada titular da delegacia de homicídios de Niterói, Bárbara Lomba, disse na manhã desta segunda-feira (26) que os cinco jovens assassinatos na madrugada de domingo (25) em condomínio do Minha Casa Minha Vida em Maricá, região metropolitana do Rio, não tinham qualquer envolvimento com o crime organizado. 

Os corpos já foram liberados do IML (Instituto Médico Legal), dado que a perícia já foi concluída, mas ainda aguardam a chegada da funerária. Um dos jovens será sepultado na cidade vizinha de Magé e outro, na capital do Rio. 

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Os sepultamentos que serão feitos em Maricá serão pagos pela prefeitura local, comandada por Washington Quaquá (PT). Parentes das vítimas no IML não quiseram falar com a reportagem. As vítimas foram identificadas pela polícia como Sávio de Oliveira Vitipó, 19, Mateus Bitencourt da Silva, 18, e os menores, sem idade revelada, Patrick da Silva Diniz, Matheus Barauna dos Santos e Marcus Jonathas.

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Milícia

De acordo com a delegada que coordena as investigações, a principal suspeita foi que os jovens foram mortos por um grupo miliciano que atua na região e cobra por serviços de segurança. Os jovens, segundo relataram parentes à reportagem, faziam parte de uma roda de rap e passinho em Maricá.

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Ainda segundo a delegada, os cinco jovens -dois dos quais menores de idade-, foram colocados deitados no chão e mortos com tiros na cabeça. A polícia suspeita que dois homens em um carro abordaram os jovens e descarta a primeira versão surgida sobre o caso, de que homens em uma motocicleta passaram atirando. 

“Dois homens numa moto não conseguiriam atingir cinco pessoas na cabeça”, disse ela. Os jovens foram mortos por volta de 5h50 de domingo. Eles estavam na área de convivência do conjunto habitacional, que tem 1.432 apartamentos. 

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O local é conhecido por ser onde os moradores fazem confraternizações, com churrascos na calçada e barraquinhas de venda de bebidas e comida. Há no local pontos de venda de drogas, o que estaria contrariando os interesses dos grupos milicianos que atuam na região.

A polícia investiga relatos de que os jovens foram mortos porque estariam consumindo maconha no local. “As primeiras informações dão conta de uma execução. Os jovens não tinham qualquer anotação criminal, antecedentes ou envolvimento recente com o crime”, disse Lomba.

A delegada confirmou que parte dos mortos fazia parte de rodas de rap e hip-hop em Maricá. Segundo ela, pode ter ocorrido de uma das letras dos jovens ter desagradado à milícia, que tem expandido territórios desde a capital para Niterói, Itaboraí e Maricá. “Há a hipótese de consumo de drogas ou que eles propagavam nas músicas alguma ideia que desagradasse a esses grupos”, disse. 

De acordo com a policial, casos como o de domingo têm sido frequentes na região. “Desde o fim do ano passado que vemos os índices de violência crescerem muito em Maricá, sempre com alguma relação com esses grupos”. Ela não soube dizer se a milícia que atua no local é associada aos grupos que dominam bairros da zona oeste do Rio e também municípios da Baixada Fluminense. 

O conjunto especificamente não tem câmeras de segurança. A polícia busca imagens de câmeras posicionadas no centro da cidade para tentar identificar suspeitos. O conjunto fica a cerca de uma hora de ônibus do centro de Maricá. 
O Rio vive uma intervenção federal na segurança pública desde 16 de fevereiro. Em julho passado, militares já tinham sido autorizados a reforçar a segurança do Rio, por meio de decreto GLO (Garantia da Lei e da Ordem). Conforme a Folha mostrou no último dia 8, desde que chegaram ao Rio os militares não fizeram operações em áreas dominadas por milícias. (Folhapress)

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