O senador da República, Jorge Kajuru (PSB) decidiu ‘virar a página’ e não quer ter ‘mais ódio’ de alguns dos seus desafetos que colecionou ao longo da vida. Entre os inimigos que decidiu perdoar, estão os jornalistas Milton Neves, Boris Casoy e a apresentadora Luciana Gimenez, além do ex-governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB). O aceno não significa que laços de amizade serão construídos, mas que há um sentimento de que é possível construir pontes e não a destruição delas para o futuro.
O contraponto se dá a partir de um novo momento que Jorge Kajuru vive no Senado Federal. É um dos líderes do PSB no parlamento em Brasília e tornou-se homem da confiança do vice-presidente Geraldo Alckmin, além de uma espécie de interlocutor entre políticos e empresários goianos com o Planalto. “[Geraldo Alckmin] Reserva moral com quem tenho amizade desde 2004”, destaca nesta entrevista exclusiva ao Diário de Goiás, que será publicada em uma série de pílulas.
Ouça o trecho que o senador Jorge Kajuru fala sobre sua relação com o ex-governador Marconi Perillo na íntegra:
Ele destaca que as brigas que travou com o ex-governador foram justificadas e eram reações às ações do político enquanto estava sob comando do Palácio das Esmeraldas. “Minha rádio foi cassada, foi fechada, eu tive problemas familiares, tive uma separação, havia perseguição, eu não posso dizer que era a mando do Marconi, mas era de gente marconista para agradar o Marconi e fazia ameaça permanente a minha então esposa que foi embora para os Estados Unidos”
Isso significa abertura de portas para uma futura filiação do ex-governador Marconi Perillo ao PSB? Sim, mas com ressalvas. “Eu não tenho nada contra se ele quiser entrar no partido. Agora, ele tem de entrar no canto dele, de forma humilde e não querer derrubar Elias Vaz e nem brigar comigo. Se ele quiser brigar comigo no partido, ele vai se dar mal. Eu tenho apoio unânime da executiva nacional do partido”, destacou.
Questionado sobre como seria uma eventual ida de Marconi ao PSB, Kajuru fez questão de explicar que o tucano teria de começar sua vida partidária “do zero”. “Como um simples filiado. Com a importância que todo o filiado do partido tem, agora não querer passar por cima ou derrubar ninguém. Como ele foi 20 anos, homem de poder, queira ou não, existe num homem de poder esse desejo, de passar por cima e querer o cargo. Ele não pode querer cargo de ninguém no PSB”, fazendo referência novamente a posição que o ex-deputado federal Elias Vaz ocupa na legenda.
De todo o modo, Kajuru faz uma ressalva: nenhuma liderança de seu partido lhe trouxe a possibilidade da ida de Marconi aos quadros do PSB. Até agora, tudo que o radialista viu a respeito do assunto foi apenas nas páginas da imprensa goiana. “Dentro do PSB o nome dele sequer é citado em toda a executiva nacional. Num partido de Miguel Arraes, Eduardo Campos não se entra dessa forma, plantando notícia em jornal, não é assim. Tem que saber costurar e conversar com todos.”
Kajuru destaca que apesar de virar a página a algumas dessas figuras, significa apenas que quer continuar tocando uma vida leve. “Eu não quero guardar mágoa de ninguém, mas isso não significa que eu vou virar amigo pessoal dessas pessoas pelas quais eu briguei tendo razões”, pontuou. O político inclusive, faz um mea culpa diante de toda as polêmicas.
Claro, eu errei com elas também, exagerei em críticas, passei da primeira página. Mas você sempre passa da primeira página quando você é injustiçado. Ninguém é anjo. Quem apanha não esquece. Portanto eu apanhei demais. Eu perdi um patrimônio que hoje valeria 30 milhões de reais que era a Rádio K do Brasil
E pontua que o perdão vai até a página B. “Portanto, sentar na mesa, bater papo, ele vir a minha casa, eu ir na casa dele, de todos esses que eu tive desentendimento, não tem nada a ver. Eles vivem a vida deles, eu vivo a minha vida”, destaca. “Eu só não vou falar um A contra eles. Quero que sejam felizes.”, ponderou.
O senador ainda destaca que acredita que o tucano tenha condições de retomar a vida pública, afinal de contas, o eleitor goiano já lhe puniu pelos erros cometidos. “Acho que o Marconi já foi punido demais inclusive pela população goiana pelos erros que cometeu. Penso que não vai querer cometer mais. Por isso acho que ele é merecedor de voltar”, completou.