Federação Internacional das Associações de Jogadores Profissionais, conhecida pela sigla Fifpro, divulgou uma pesquisa nesta quinta-feira para defender a necessidade de ajustes no calendário de jogos do futebol internacional. De acordo com a entidade, o estudo deixou claro que a maioria dos jogadores profissionais é “a favor de novos regulamentos para lidar com o crescente congestionamento de jogos e a alta carga de viagens”.
A Fifpro ouviu a opinião de 1.055 jogadores e 92 especialistas em desempenho sobre a necessidade de formular medidas que garantam um intervalo mínimo para descanso e limitem partidas consecutivas. Do total de atletas entrevistados, apenas 26% são favoráveis à continuidade do modelo atual.
O posicionamento da entidade tem apoio oficial de jogadores como o chileno Arturo Vidal, atualmente em fim de contrato com a Inter de Milão e especulado no Flamengo. O meio-campista assinou o prefácio do relatório ao lado do italiano Leonardo Bonucci (Juventus), do japonês Maya Yoshida (Japão) e do francês Saliou Ciss (Nancy).
“As viagens internacionais de longa distância pressionam a saúde e o desempenho de muitos jogadores por causa das mudanças repentinas de clima e fuso horário. Alguns jogadores viajaram mais de 200.000 quilômetros nas últimas três temporadas – é como viajar ao redor do mundo cinco vezes”, comentou Vidal.
No comunicado divulgado nesta quinta, a Fifpro dá exemplos de atletas que foram sobrecarregados por causa das Datas Fifas, época em que deixam seus clubes para defender suas seleções, sem um período de descanso na ida ou na volta. Um dos casos apontados é o de Luka Modric, que, em 2020, jogou 24 partidas consecutivas com menos de cinco dias de descanso entre cada uma, dividido entre compromissos com o Real Madrid e a Croácia.
Entre os 1.055 jogadores participantes da pesquisa, 55% relataram ter se machucado por sobrecarga, 40% afirmaram que tiveram a saúde mental afetada e 50% disseram que seus clubes e seleções não permitiram tempo suficiente de descanso.
Uma das soluções apontadas para melhorar o panorama é que as Data Fifas sejam mais longas e menos frequentes, sugestão que agrada 46.6% dos jogadores entrevistados pela Fifpro – 25.7% não gostam da ideia e os outros 27.7% não têm uma opinião formada.
O estudo teve foco no futebol europeu, mas ouviu profissionais de outros países membros do sindicato. O Brasil, que vive uma discussão constante sobre seu calendário, não é associado à entidade.
(Conteúdo Estadão)