O empresário Joesley Batista, dono do grupo J&F, controlador do frigorífico JBS, disse aos procuradores que estava “blefando” quando sugeriu ao presidente Michel Temer que havia comprado dois juízes federais.
A informação aparece na gravação feita pelo empresário no Palácio do Jaburu em março deste ano e faz parte das provas apresentadas à Justiça para firmar sua delação.
Joesley afirmou, contudo, que havia uma tentativa de aproximação por meio do advogado Willer Tomaz com um magistrado que atua em operações como “Greenfield” e “Cui Bono”.
Segundo do dono da JBS, Tomaz foi contratado porque dizia ter acesso e influência sobre Ricardo Augusto Soares Leite, juiz substituto da 10ª Vara Federal do Distrito Federal. O titular é Vallisney de Souza Oliveira.
A seção é responsável por operações como a Sépsis, primeira a mirar a J&F em julho do ano passado, a Greenfield, que investiga fraudes em fundos de pensão, e a Cui Bono, que apura irregularidades no FI-FGTS, fundo de investimento em infraestrutura do FGTS.
Joesley afirmou que, apesar da contratação de Tomaz ter tido essa finalidade, não teve comprovação da relação entre o advogado e o magistrado. Também não conseguiu decisões favoráveis na Justiça. Os investigadores não encontraram provas que comprometessem Leite.
Willer Tomaz foi preso pela Polícia Federal nesta quinta (18). A situação dos juízes é diferente do procurador Ângelo Goulart Vilella, que integrava a força-tarefa da Operação Greenfield. Nesse caso, os delatores dizem ter provas de que pagaram Vilella para saber do andamento das investigações.
Por meio de nota, a 10ª Vara Federal do DF afirmou que as declarações de Joesley Batista na gravação com Temer mostram-se infundadas pelo fato, já que, em razão de sua especialização, lá tramitam mais de 20 “grandes operações criminais” e houve diversas medidas decretadas em desfavor da JBS.
Foi a Justiça Federal do DF quem, em março desta ano, decretou o afastamento de Joesley Batista da presidência do conselho da J&F, que controla a JBS, e da Eldorado Celulose, uma das empresas do conglomerado.
Procurado, o escritório de Dr. Willer afirmou que não irá comentar as informações. Em nota divulgada no site, a banca afirma que os fatos serão “devidamente esclarecidos no curso das investigações”. (Folhapress)