O Japão continuará trabalhando estreitamente com os países do G7 para minimizar o impacto provocado pelo Brexit nos mercados financeiros globais, disse hoje (28) o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe.
“É importante que os países desenvolvidos do G7 unam as forças e continuem enviando a mensagem para o mercado que vamos desenvolver os maiores esforços para estabilizar o mercado financeiro”, disse Abe em uma reunião do Conselho de Política Econômica e Fiscal, de acordo com a agência de notícias Kyodo.
Abe pediu ao ministro das Finanças japonês e ao chefe do Banco do Japão que acompanhassem de perto as tendências atuais nos mercados financeiros.
Para Japão, o assunto de maior atualidade é o acordo do mercado livre com a União Europeia, no qual ambas as partes estão interessadas. O premier japonês contava que o acordo fosse celebrado até o fim deste ano. Mas, depois do referendo britânico, o ministro das Finanças do Japão expressou o seu receio de que isso possa “se tornar uma tarefa difícil”.
A Sputnik falou com Anna Bodrova, analista da companhia de consultoria russa Alpari. De acordo com ela, o Japão não deve se preocupar com isso. “Acho que nada vai impedir este processo, porque o acordo é assinado não com países particulares, mas entre o Japão e o bloco europeu. A aliança ainda existe e atualmente nada a ameaça”, disse. “Mas a assinatura de um acordo depende muito do próprio Japão”, destaca a analista.
Ontem (27), Abe Shinzo apelou ao Banco do Japão para que envie recursos adicionais às empresas japonesas no Reino Unido, caso seja necessário. Há milhares de empresas japoneses no Reino Unido e, para muitas delas, o país não é só um dos mercados-chave, mas também a “janela” para a UE. As grandes corporações financeiras que obtiveram no Reino Unido o direito de prestar os seus serviços na União Europeia agora se sentem ameaçadas.
Outras empresas que também terão dificuldades serão as montadoras japonesas de veículos, que consideravam a Grã-Bretanha base de operações em toda a UE. Foi para este fim que a Toyota, a Nissan e a Honda construíram lá suas plantas. A Nissan está presente no Reino Unido há 30 anos e produz cerca de meio milhão de carros por ano, a maioria dos quais é exportada para a UE. Todos eles, caso Reino Unido saia da UE, enfrentarão o aumento das tarifas.
A analista Anna Bodrova acredita que o Japão se preocupa com o futuro do Reino Unido, visto que boa parte da exportação japonesa vai ao para a região europeia. Por isso, a indústria japonesa precisa de um parceiro de longo prazo estável.
Na quinta-feira (23), o Reino Unido realizou um referendo sobre a permanência do país na UE. Um total de 51,9%, ou mais de 17,4 milhões de britânicos, votou a favor do Brexit (saída), enquanto cerca de 16,1 milhões votaram contra. O resultado do referendo tem provocado polêmica no âmbito nacional e internacional.