O Ministério Público Federal deu um ultimato ao grupo J&F, controlador do frigorífico JBS, para fechar o acordo de leniência (espécie de delação) com a empresa. Caso o grupo não aceite pagar R$ 11,69 bilhões até as 23h59 desta sexta-feira (19), as negociações estarão encerradas.
O comunicado foi feito porque a empresa não aceita pagar esse valor, que representa 5,8% do faturamento do grupo em 2016. O grupo se propõe a pagar R$ 1 bilhão -0,1% de seu faturamento no ano passado.
As conversas começaram no final de fevereiro e foram conduzidas em paralelo às negociações para a colaboração premiada -procedimento já homologado pelo STF (Supremo Tribunal Federal).
“Nos últimos dois dias, as reuniões com vistas à leniência se intensificaram, entretanto, surgiu um impasse em relação ao valor da multa a ser paga pela empresa”, disse o MPF, em nota.
A Lei Anticorrupção (12.846/13) estabelece que a multa em acordos de leniência deve ter como parâmetro percentual que varia entre 0,1% e 20% do faturamento.
Somente na campanha de 2014, o grupo afirmou aos procuradores ter pago R$ 300 milhões em propina para o PT. No total, as campanhas consumiram R$ 500 milhões da companhia, segundo seu presidente Joesley Batista, e o lobista do grupo, Ricardo Saud.
Na leniência, a empresa paga uma multa e continua “limpa” para contratar com o governo.
Até agora, foram firmados dez acordos em decorrência das investigações da Lava Jato. Há informações públicas sobre sete deles. O acerto do grupo Camargo Corrêa, considerado favorável à construtora por especialistas de mercado, foi de R$ 700 milhões.
As maiores multas foram as da Odebrecht e da Braskem -mais de R$ 3 bilhões cada uma. A Braskem teve lucro líquido de R$ 1,8 bilhão no primeiro trimestre -ela precisa pagar menos do que o dobro disso em penalidade. O último dado anual da Odebrecht é de 2015, um prejuízo de R$ 300 milhões. (Folhapress)