SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O Itaú pagou R$ 710 milhões pela operação de varejo do Citibank no Brasil. A aquisição foi anunciada na manhã deste sábado (8), após quase dez meses desde que o Citi informou o plano de se desfazer de suas operações neste segmento no país. O banco americano atende essencialmente clientes de alta renda e tem 315 mil correntistas no país, informou o Itaú.
Na aquisição, o banco brasileiro adquiriu carteira de crédito, cartões de crédito, depósitos, gestão de recursos e corretagem de seguros e as 71 agências que o Citi tem hoje nas principais regiões do país. São R$ 35 bilhões entre depósitos e ativos sob gestão, 1,1 milhão de cartões de crédito emitidos e carteira de crédito no valor de R$ 6 bilhões de reais. Após a aquisição, o Itaú Unibanco passará a ter R$ 1,404 trilhão em ativos. Segundo Marcelo Kopel, diretor de Relações com Investidores do Itaú Unibanco, a transação reforça a atuação do Itaú no mercado de alta renda, já que a base de clientes do Citibank no país é majoritariamente composta por clientes desse segmento.
O Citi continuará no país atendendo aos clientes de Corporate and Investment Banking, Commercial Bank e Private Bank no país.
“O Brasil é um mercado estratégico para o Citi e parte essencial da nossa presença e rede globais”, disse Jane Fraser, CEO do Citi na América Latina, em nota. “Estamos no Brasil há mais de 100 anos e continuaremos a crescer a nossa franquia líder de mercado, servindo nossos clientes institucionais e de private banking, alavancando nossa presença global e gerando melhores retornos sobre nossos ativos e capital para os nossos acionistas.”
A compra ainda precisará receber o aval do Banco Central e do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica).
A DISPUTA PELA ALTA RENDA
Os bancos têm acelerado a disputa pelos clientes de alta renda (geralmente com renda acima de R$ 10 mil), que oferecem mais chances de vendas de produtos e serviços. Há alguns meses o Itaú informou que tinha cerca de 900 mil clientes enquadrados no Personnalité, atrás do Banco do Brasil, que afirma ter mais de 1 milhão de correntistas atendidos no segmento Estilo.
O Santander entrou na disputa pela operação de varejo do Citi no Brasil. O banco planejava se posicionar como o único estrangeiro no país, após a venda do HSBC e do Citi, e tem em torno de 150 mil clientes no segmento Select.
CONSOLIDAÇÃO
Neste sábado, o Bradesco faz a migração dos clientes do HSBC para sua operação, após ter pago R$ 16 bilhões pela operação brasileira do banco inglês. O Cade impôs restrições a novas aquisições pelo Bradesco por 30 meses ao aprovar a operação, em uma tentativa de inibir a concentração bancária no país.
Em Washington, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afirmou que a aquisição não é um sinal negativo sobre o sistema financeiro do país.
“O presidente mundial do Citibank esteve comigo ontem (sexta, 7) e me assegurou que o Brasil é prioridade, e que nas áreas em que o Citibank é forte globalmente, inclusive no Brasil, continuará investindo cada vez mais, como na área de relacionamento, empréstimos, aplicações com empresas, médias, pequenas, grandes.”
No final de setembro, o Itaú já havia comprado 40% do Itaú BMG Consignado que estava na mão do BMG por R$ 1,3 bi. Segundo João Augusto Salles, da consultoria Lopes Filho, o banco está com excesso de dinheiro em caixa, o que explicaria o apetite por aquisições. Com a inadimplência em alta, os bancos têm preferido deixar dinheiro em caixa a emprestar para os correntistas.