A sede do diretório do PMDB, que fica no Setor Aeroporto, em Goiânia, estava lotada desde as 9h. O dia estava quente, com aquele sol. Os jornalistas, com microfones e gravadores a postos, aguardavam. Agitados, à espera.
A reunião para definir a nova chapa de comando do diretório metropolitano do PMDB estava marcada para as 9h do último sábado, 14. Às 9h30, a decisão já havia sido tomada. O vereador Mizair Lemes Júnior, aos 23 anos, tinha sido escolhido, por consenso, o novo presidente do partido na Capital.
O evento, porém, só teve início de verdade às 9h58, com a chegada da notícia inevitável: o ex-governador Iris Rezende.
No local, o deputado federal Sandro Mabel, o vice-prefeito de Goiânia, Agenor Mariano, o presidente da Câmara Municipal, Clécio Alves, o deputado estadual e então presidente metropolitano do partido, Bruno Peixoto, o presidente eleito, Mizair Lemes Júnior, os vereadores que disputaram a vaga, Eudes Vigor e Célia Valadão, e a decisão. Pronta. Nenhuma entrevista. Todos à espera.
Até que…
– O Iris chegou!
Um militante gritou, um, mas poderia ter sido uma multidão. E o grito auxiliou no acúmulo de pessoas em volta.
O carro de Iris foi impedido pelo tumulto e ele desceu sorrindo. Com o cabelo penteado para trás, ressaltando os fios mais pretos que reforçavam o grisalho perdido com o tempo, uma camisa destemida com xadrez azul e branco, combinada com a calça jeans, no estilo goiano despojado de ser, e um abraço espaçoso de quem ama abraçar.
Estava acompanhado da filha Ana Paula Rezende, que se afastou e passou a admirar, de longe, a liderança inconteste do pai. O sorriso de Ana Paula evidenciava um orgulho incontido e inevitável. Um sorriso maior que o de uma filha para o pai. O sorriso apaixonado de uma fã.
Iris só começou a entrevista depois de cumprimentar todos que estavam à sua volta. Na esquina, um vendedor ambulante, que aplaudia e gritava pelo ex-governador, foi afagado com o abraço e a “honra”, como o próprio definiu, de servir um espetinho para quem via com a alegria irrompendo com a respiração.
Ao lado da churrasqueira móvel, instrumento de trabalho do vendedor, uma caixa de isopor revestida por adesivos com fotos do peemedebista. Eram fotos de 2008, da campanha pela prefeitura de Goiânia. A caixa servia agora, em 2013, na campanha espontânea promovida pelo ambulante, que, carregado de a ansiedade de quem mal espera outubro de 2014 chegar, empunhou o isopor, adentrou a sede do PMDB e gritou: “Iris para governador!”.
Na recepção, políticos com anos de carreira se renderam à tietagem. Intensificaram o tumulto e pediram fotos com o ex-governador.
Várias senhoras que aguardavam no diretório, sufocaram Iris com beijos e abraços. O batom vermelho de uma delas, que marcou o pescoço e parte da camisa xadrez, deve ter levado o assunto para casa.
Iris não discursou. Foi solícito com os jornalistas. Respondeu as perguntas com surpreendente objetividade e ponderação. Abraçou profissionais da imprensa e falou sobre felicidade.
“Estou feliz por ver que o PMDB está vivo”, disse, jovem liderança em estado de graça.
“Toda essa movimentação me alegra”, acrescentou.
“As divergências me deixam contente, pois vejo que nosso partido está eufórico, animado. Isso é muito bom em um processo eleitoral.”
Iris não está cansado de guerra.
“O reconhecimento da população é o que me revigora. Isso me basta.”
Sem polêmicas. Sem respostas às agressões ou alfinetadas de correligionário.
Iris agiu como o político experimentado que é. Como o candidato forte que nunca deixou de ser.
Feito em 1958, quando alcançou a população com as passeatas de carroças, e em 1982, na volta triunfal, ele ama e é amado.
Sábado, no encontro com seu povo, Iris foi Iris.
Hoje, agora, está mais Iris do que nunca. Iris. Pronto!