A manutenção da agenda de reformas econômicas independentemente dos desdobramentos no cenário político foi o mantra repetido por investidores, bancos e participantes do setor de infraestrutura presentes em evento em São Paulo como condição fundamental para que a economia não seja arranhada, e os investimentos, afetados.
“Olhamos o longo prazo. A gente aposta nas correntezas profundas”, afirmou Marcos Almeida, sócio no Brasil da gestora Brookfield, parafraseando frase dita pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, no mesmo evento mais cedo. No fim de abril, a gigante canadense adquiriu a divisão ambiental da Odebrecht, dentre outros investimentos que mantém no país.
André Sales, sócio do Pátria Investimentos, ressaltou como algo positivo o entendimento do governo no último anos da necessidade de atrair capital privado sem controle de retorno ou subsídios. “Temos confiança que a mudança é permanente e estamos contentes com elas”, disse o executivo do Pátria.
Para Venilton Tadini, presidente da ABDIB (Associação de Infraestrutura e Indústria de Base), a mensagem passada pela equipe econômica de que há clareza e foco com relação às reformas estruturais tem sido fundamental para coordenar as expectativas, e é por isso que, em sua avaliação, o caos político não comprometerá a recuperação econômica.
Para Tadini, houve um “abalo sísmico” do ponto de vista político. “Mas não dá pra dizer que o pessoal que estava com investimentos no Brasil picou e jogou fora”, disse. “Esse pessoal não define estratégia de investimento baseado em acontecimentos de uma semana. O que ele quer é confiança para cenário de longo prazo.”
Também no evento, Paulo Leme, presidente do Goldman Sachs no Brasil, afirmou que os esforços são louváveis e que espera que as reformas continuem no Congresso. “Mas a velocidade com que tem que ser aprovadas tem que ser um pouco mais veloz pra podermos resolver esse problema da (baixa) poupança.”
Tadini, da ABDIB, resumiu o que considera ser o sentimento geral de empresários, bancos e investidores: não há dúvida de que, independentemente de quem esteja à frente do governo, é importante que a política econômica atual permaneça. “Nosso objetivo é a manutenção da agenda econômica”. (Folhapress)