Categorias: Política

Internet nas eleições: decisiva para quem souber usar

A Internet, rede mundial de computadores, é o aparato tecnológico que mais transformou a comunicação e o marketing nos últimos anos. Eleitoral­mente, é uma ferramenta que, a cada eleição, vem ganhando importância na hora de buscar o voto do eleitor. Em 2014, o mundo virtual e as redes sociais vão ter ainda mais espaço no imaginário da população. Se­gundo os especialistas ouvidos pela Tribuna, o candidato que souber explorar melhor o am­biente terá certamente muito mais possibilidade de vitória. A ferramenta, porém, exige investimento e estratégia dos candidatos.Todos os possíveis postulantes ao governo do Estado em 2014 ainda derrapam na hora de utilizar o meio de comunicação para aumentar a popularidade de seus projetos, segundo Mário Rodrigues Filho, do Instituto Grupom de Consultoria e Pesquisa. Além disso, aqueles com maior frequência nas redes sociais não têm obtido o retorno positivo que se era esperado. Para Mário, eles ainda pecam em interação com o público, o que não tem sido conveniente.

Mesmo assim, ainda há otimismo de que a ferramenta virtual terá um peso muito grande nas eleições do ano que vem. De acordo com o marketólogo do Grupom, o total a ser investido nessa aba pode chegar até mesmo a 50% da projeção de custos de campanha, pois será o canal do candidato. Apesar dis­so, essa é apenas uma previsão, já que as possibilidades com esse meio de comunicação são as mais variadas. “Quanto mais recurso pago e disponível, mais coisas podem ser feitas”, sublinha.
Paulo Faria, consultor estratégico da Agência Digital BTBon, também faz um prognóstico positivo quando analisa a importância da internet e das redes sociais para as eleições de 2014. “Esta será a primeira vez, em Goiás, que a Internet se firmará como um diferencial na campanha, tanto na chapa majoritária quanto na proporcional”, explica.
Em 2014, segundo Paulo, as redes sociais e mídias digitais terão mais importância e se adequarão para fazerem um trabalho sério e melhor amarrado. “Deixarão pra trás aquela etapa de ficar apenas na guerrilha de fakes, perfis falsos, que não existem, criados por uma equipe contratada para fazer o enfrentamento nas redes sociais”, ressalta. Segundo os especialistas, as assessorias e agências de marketing trabalharão o ambiente online como instrumento de construção de imagem,  por meio de relacionamento e propaganda de propostas relevantes e aliarão a popularidade dos celulares e smartphones como multiplicadores  de conteúdo de campanha eleitoral.

Estratégias

Investir na mídia digital, hoje, traz benefícios, segundo os marketólogos. Luiz Felipe Gabriel, diretor do Instituto Verus de Assessoria e Pesquisa, aponta que hoje vivemos o fim da globalização e o início da era digital. Houve a substituição da mídia de massa, com poucos veículos que possuíam muito poder e muita audiência, pela massa de mídia, que marca um volume maior de novas mídias e informação, além da diluição do poder.
Daqui até o começo da campanha eleitoral de 2014, os candidatos só terão a Internet para propagarem suas ideias e, mesmo assim, com certa cautela para não ferir a Lei das Eleições. Esta ferramenta, se utilizada bem, poderia até mesmo ajudar a construir um nome onde há pouca estrutura eleitoral. Mas, para que o resultado das ações na Internet seja satisfatório, potencializando votos aos candidatos, os perfis das redes sociais e a mídia digital devem estar ativas há pelo menos dois anos, conforme disse Mário Rodrigues. Ele ressalta que as redes sociais forçam o candidato a ter uma base de relacionamento forte e constante.
Além disso, é interessante uma combinação de estratégias, de acordo com Paulo Faria. “Além de um bom relacionamento com o público, deve-se utilizar um material correto para o meio, com sua devida linguagem e direcionamento, juntamente com a compra de espaço publicitário”, pontua.
Bem estruturado, um planejamento de marketing em Internet e redes sociais poderia até mesmo compensar a falta de estrutura partidária no interior de Goiás. De acordo com Mário, na rede mundial de computadores, neste ponto, não há diferenciação entre um partido pequeno, médio ou grande. “Se ele tiver recursos humanos disponíveis, poderá atingir especificamente cada um dos 246 municípios”, frisa. Mesmo assim, Paulo Faria ainda ressalta que uma estrutura online tende a atingir melhor os grandes centros do Estado, como as capitais e cidades em ascensão.
De acordo com Mário Rodrigues da Grupom, o crescimento do número do número de casas com acesso à Internet quase triplicou nos últimos anos. Pesquisas recentes revelam que nas cidades que compões a Região Metropolitana de Goiânia em 76% dos domicílios há pelo menos um de seus moradores utilizando a internet. Em cidades médias o índice fica em torno de 55% e, nas pequenas cidades o índice está perto de 42%.
Dados do Ibope pontuam que hoje existem aproximadamente 101 milhões de internautas no Brasil. E esses números são ainda maiores se levarmos em consideração que, hoje, o acesso à rede mundial de computadores não se restringe ao computador. O internauta pode acessá-la através de smartphones, tablets e outros dispositívos móveis e, segundo dados da Anatel, hoje existem 269,9 milhões de celulares em todo o país.
Sendo assim, é inevitável ignorar a Internet como um meio de comunicação viável, principalmente nas eleições. O investimento nesse meio no ano que vem deverá ser grande, segundo Mário. O PMDB, segundo Samuel Belchior, presidente regional do partido, já começou este ano a investir em uma nova estrutura online, que começa pelo site da agremiação e abrange suas redes sociais.
Os profissionais acreditam que o meio online é um excelente campo para visibilidade de produtos, principalmente em época de campanha. O processo, no entanto, tem alguns requisitos mínimos. Trabalhar a imagem e a popularidade na Internet, segundo Luiz Felipe, é uma questão de inteligência acima de tudo. “Devido ao fato de que, na Web, o internauta pode selecionar aquilo que quer ver, não se pode popularizar algo usando a força bruta. Deve-se trabalhar estrategicamente”, destaca.
Paulo Faria também explica que o conteúdo da campanha deve ser pensado e voltado para um público alvo. Diferente de quando se trabalha com a mí­dia de massa, não há como o­brigar o receptor a ver a propa­ganda, como ocorre na televisão, por exemplo. Na Inter­net, é preciso atrair o consumidor.

Outras ações
A internet poderia até mes­mo ajudar um candidato que é desconhecido para o grande pú­blico. “Um bom uso das re­des sociais pode diminuir o grau de desconhecimento”, ressalta. Paulo Faria, no entanto, pontua que apenas a Internet não consegue fazer o trabalho todo sozinho. Ela, assim como pílulas partidárias, é importante para a divulgação da liderança, mas deve estar aliada a uma boa relação de mídia espontânea.
O processo de visibilidade, na Web, funciona através de uma rede de seguidores, de acordo com Paulo. Tudo começa quando a equipe online consegue a atenção de pessoas pró-ativas que fiquem interessadas nas páginas das redes sociais e passem a segui-las. “É algo com o qual o marketing não está acostumado a lidar, já que a Internet não pode ser controlada”, explica Luiz.
A partir disso, depois de conquistar os internautas, quando estes visualizam o que é postado e, de alguma forma, interagem na página, os seguidores deles também recebem a mensagem. Isso cria uma corrente em vários níveis da Internet, fazendo com que a informação se dissemine com a maior amplitude possível.
Apesar disso, eles deixam claro que a Internet, por si só, não pode ser o único campo. “A rede mundial de computadores é só mais um meio divulgação, que deve ser aliado a muitos outros”, explica Luiz. Paulo, no entanto, é otimista e acredita que esta é a única plataforma de comunicação que fica à disposição de qualquer candidado desde agora, e em tempo integral. “A televisão aberta e o rádio são caros e restritos pela lei e as inserções partidárias servem apenas às lideranças principais dos partidos. Então, sobrou a internet”, aponta.

Importância da rede é ainda maior para depu­ta­dos

Por ter uma estrutura de campanha diferente da chapa majoritária, a chapa proporcional pode ser a mais beneficiada pela estrutura online, com alguns requisitos. Para Mário Rodrigues Filho, hoje existem políticos com perfis bastante populares nas redes sociais. “Alguns têm mais de 50 mil seguidores no Twitter e ultrapassam 100 mil no Facebook”, comenta. Caso ele consiga interagir bem com esse volume de usuários e convencê-los, certamente terá uma boa quantidade de votos.
Luiz Felipe Gabriel acrescenta que, de acordo com pesquisas, o voto para cargos proporcionais, como deputados e vereadores, vem de indicações. “É feita uma recomendação pessoal”, complementa. Ele explica que o efeito de sugerir uma alternativa a um conhecido é algo normal e previsível nas redes sociais, desde que o candidato tenha um bom trabalho e consiga a confiança do público.
O marketólogo compara a popularização de um candidato à “viralização” de conteúdos na Web. Segundo Luiz Felipe, as pessoas só apresentam conteúdos online a outras quando acreditam ser interessantes ou lhes chamam a atenção por algum motivo, e é por isso que algo torna-se incrivelmente popular em tão pouco tempo nas redes sociais. “Não é uma questão de trabalhar incessantemente ou repeti-lo várias vezes, é uma questão de inteligência e de saber utilizar a ferramenta que tem. Quando você conquista o público, a recomendação acontece rapidamente”, destaca.  

Decisão

Devido ao impacto que a Internet terá nas eleições do ano que vem, pode-se prever que ela será decisiva em um possível desempate nas eleições majoritárias. Os marketólogos, porém, não acreditam nisso. Para Luiz Felipe Gabriel, do Insitituto Verus, a rede mundial de computadores é apenas mais um meio de comunicação dentre todos os outros que são utilizados pelos candidatos majoritários. Neste caso, a Web serviria apenas para divulgar algum trabalho ou ideia, mas não chega a ter um peso definitivo.
Já Mário explica que, por ainda ser um ambiente em construção e não haver estudos suficientes sobre o assunto, não há uma conclusão definitiva. Ele, no entanto, acredita que, caso as eleições não sejam decididas por meio da Web, a rede certamente influenciará o resultado. (M.S.)


 

Uso da Internet na campanha eleitoral

Publicitários contam que a Internet, usada de forma inteligente, pode contribuir muito positivamente na votação de um candidato. Confira o que deve e o que não deve ser feito, na opinião geral:

O que deve ser feito na Internet

  • Deve-se trabalhar com a combinação entre um conteúdo adequado e direcionado ao público, aliados à compra de espaço publicitário. Só com esses três bem trabalhados uma campanha online tem o alcance que se propõe a ter;
  • Um perfil político nas redes sociais deve ser trabalhado com inteligência, buscando sempre atrair a atenção do internauta, a ponto de fazer com que ele siga a liderança na Internet;
  • O candidato deve manter um bom relacionamento com os internautas, sempre promovendo a interatividade com o eleitor, assim constroem-se laços de confiança e o eleitor começa a marcar o nome da liderança;
  • Quanto mais conteúdo interessante a equipe de marketing postar nas redes sociais, associando à interatividade frequente, mais visualizações pode conse­guir indiretamente, através de uma rede de seguidores.

O que não deve ser feito na Internet

  • A Web é apenas mais um meio de comunicação. Sendo assim, ela deve estar aliada aos outros meios de divulgação da liderança e não tratada como única forma de propagação de ideias;
  • Já se pode começar a divulgação de ideias pela Internet, já que ela não é restrita como o rádio ou a televisão. No entanto, deve-se ter cuidado para que conteúdo ferir a legislação eleitoral;
  • A campanha online não pode começar de última hora. Ele deve ser trabalhada ao longo dos anos, construindo uma relação de interesse com o internauta;
  • O marketólogo não pode forçar o internauta a aceitar seu candidato de forma alguma. Quanto mais se força, menos pessoas acessam. O ideal é buscar o eleitor de maneira espontânea, formando laços acumulativos com ele.

Texto publicado originalmente no Tribuna do Planalto

Altair Tavares

Editor e administrador do Diário de Goiás. Repórter e comentarista de política e vários outros assuntos. Pós-graduado em Administração Estratégica de Marketing e em Cinema. Professor da área de comunicação. Para contato: altairtavares@diariodegoias.com.br .

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